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Bruno Vellozo ou a arte de acreditar na música criativa

Bruno Vellozo, contrabaixista da nova geração, é um dos músicos que mais admiro, tanto pelo sua trajetória quanto pela sua qualidade como instrumentista e compositor. Meu primeiro contato foi há quatro anos participando uma gig no Café com Letras em pleno Savassi Festival. Na sequência, passei a frequentar o Fonte Nova onde ele dividia o espaço com outros talentosos instrumentistas da sua geração: Breno Mendonça, Felipe Villas Boas, João Machala, Gabriel Bruce e Wagner Souza, entre outros. E é com alegria que realizei essa entrevista com Bruno Vellozo para que vocês conheçam um pouco da sua história e do lançamento de seu primeiro trabalho autoral: “Acreditar”. 

 

Wilson Garzon – Foi longo o percurso até chegar ao contrabaixo ou foi amor à primeira vista?
Bruno Vellozo – O percurso foi bem curto na verdade, sou filho de baixista, cresci vendo meu pai tocar, a paixão pela música e o pelo baixo vem desde sempre na minha vida! Mas foi aos dez anos q comecei a tocar baixo, tocando junto com meu irmão que é baterista.

WG – Em relação à sua formação musical, quando foi que o jazz bateu à sua porta?
BV – Ao longo da minha caminhada eu sempre tive um contato com a música instrumental, principalmente em vídeo aulas, na minha casa tinha muitas dessas aulas e a parte que me chamava bastante atenção era quando tinha grupos tocando juntos; teve uma dessas aulas, que me marcou bastante, era uma entrevista em forma de aula chamada Modern Electric do Jaco Pastorius, em uma parte do vídeo tem um trio dele tocando junto com o John Scofield. A musica instrumental de alguma forma sempre esteve perto de mim!

WG – Que professores e músicos foram decisivos na sua trajetória como contrabaixista?
BV – Tive a felicidade de poder estudar com ótimos professores, entre eles tem dois que foram muito importantes pra mim, sem duvida meu pai, não poderia deixar de citar ele, foi quem me mostrou todo um caminho que eu pudesse seguir e percorrer pelo mundo da música, alem de me ensinar muito sobre o baixo e foi quem me levou para estudar com um super músico que é o outro baixista que foi muito importante na minha trajetória, que é o Aloísio Horta, tenho muito respeito e gratidão por esses dois!

WG – Conte-nos um pouco sobre os grupos em que tocou na noite e em especial o Septeto 774.
BV – Ter a experiência de tocar com vários músicos e grupos é uma coisa que tenho que agradecer sempre a Deus, já fiz trabalhos com Sergio Galvão, Jorge Continentino, Josué Lopez, Danilo Sinna, Rafael Rocha, Deangelo Silva, Felipe Vilas Boas, Chico Amaral, Toninho Horta, André Limão Queiroz, Lucas Telles, Rafael Martini, Alexandre Andrés, Matheus Barbosa e Marcus Abjaud (Religare), Avec Trio que tenho com o Abjaud e Felipe Continentino entre outros músicos e grupos. Bom, o Septeto é um grupo que já toco há quase 4 anos.

O grupo tem um foco maior nos arranjos, aproveitando e explorando as possibilidades dos 4 instrumentos de sopro, a base que forma o Septeto é também um grupo que tenho que é o LiberTrio com Felipe Vilas Boas (guitarra) e Gabriel Bruce (bateria). Quando tocamos com o trio, temos toda uma liberdade para poder criar e improvisar;  o septeto já tem outro papel e uma forma de tocar diferente, tocando sempre em função dos arranjos dos sopros e seguindo os arranjos da base!

WG – Quando foi que brotou a ideia do projeto “Acreditar”? A filosofia desse trabalho é tanto humana quanto religiosa?
BV – No final de 2015, fiz uma gravação de 3 composições minhas com um registro de videos. Depois da realização desse trabalho comecei a compor com mais freqüência, nesse momento foi que bateu a vontade de ter o Disco. Ao longo desse tempo selecionei 11 dessas músicas para poder gravar no Cd e acabei ficando com 8 delas para gravar. O “Acreditar” sem duvida vem da minha caminhada com Deus, acredito muito n’Ele e sei que é Ele quem direciona minha vida; sou muito grato a Deus por tudo que tenho vivido na música e por ter conseguido concretizar esse projeto, Acreditar sempre!

WG – O projeto foi financiado por crowfunding e/ou recursos próprios? Quanto às gravações foram de uma vez só ou por etapas?
BV – Foi com recursos próprios. A parte da gravação eu planejei para ser feita de uma vez só; quis registrar o momento musical que estava vivendo e não ficar gravando cada mês uma música ou até mesmo demorar anos pra finalizar o disco.

WG – A escolha pelo formação quinteto sempre foi a sua escolha? Porque os teclados ao invés do piano acústico?
BV – Sim, é uma instrumentação que me agrada bastante. Outro ponto importante para fazer o disco de quinteto foram os músicos que estão presente nesse cd: Felipe Continentino (bateria), Marcus Abjaud (teclados), Felipe Vilas Boas (guitarra) e Breno Mendonça (saxofone). São músicos que tenho a felicidade de tocar há vários anos e com os quais me identifico muito com a musica que eles fazem, além de serem grandes amigos e irmãos.

Apresentei as composições para o Abjaud e acabamos decidindo em utilizar os teclados no lugar do piano. Foi uma escolha feliz, apesar dele também ser um pianista de mão cheia, pois tem um bom gosto nas escolhas dos timbres nos teclados, além de uma classe ao tocá-los.

WG – O repertório é todo autoral e compreende oito composições. Elas foram criadas para esse projeto ou compreendem várias épocas da sua carreira?
BV – Na seleção que fiz para gravar as musicas acabei escolhendo as últimas músicas, por querer uma unidade entre elas, por fim, fiquei com as mais novas para o disco, a que tem mais tempo que compus foi Liber, que fiz para o LiberTrio, e  quis no disco.

WG – Conte-nos um pouco sobre o processo de criação e/ou o significado de cada uma das composições de “Acreditar”.
BV – A maioria das músicas foram compostas no violão; uso pouco o baixo para compor, apesar de algumas composições   terem início nele;  em seguida dei continuidade com o violão que é o caso de Liber, New Song, o baixo por ser um instrumento muito grave acaba não ajudando muito no processo de criação, gosto de escutar a harmonia e a melodia juntas, o violão me possibilita isso. Não tenho uma regra para compor, as vezes começo por uma melodia, e sigo colocando a harmonia em seguida, que é o caso da música Acreditar, o contrario também ocorre como no caso de Horizontes que abre o disco.

WG – Como você está projetando o lançamento do seu cd? No Savassi Festival?
BV – Fiz o lançamento no começo do ano pela internet, o disco esta disponível nas plataformas digitais, e das oitos faixas tem 6 videos das gravações disponível no youtube. O show de lançamento ainda não marquei, esse é o próximo passo a ser dado!