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Juarez Moreira e Nivaldo Ornelas: Diálogo de cordas e sopros

Daniel Barbosa, jornal ‘O Tempo’, 27/07/2017

 

Os muitos anos de amizade e parceria tornaram o diálogo entre as cordas de Juarez Moreira e os sopros de Nivaldo Ornelas ao mesmo tempo fluído e sólido. Esse aparente paradoxo o público poderá conferir no show que a dupla apresenta nesta quinta (27) no Bar do Museu Clube da Esquina. Moreira aponta que a longa caminhada musical que os dois têm feito juntos lhes garantiu um repertório amplo, que inclui temas autorais, clássicos da MPB, standards do jazz e eventuais passeios pelo universo erudito, além, naturalmente, da lavra do Clube da Esquina.

A gente já tem um repertório muito grande, então definiu um roteiro básico de coisas que a gente gosta, mas fica uma margem grande para mudar alguma música na hora, em função do que está acontecendo mesmo, da resposta do público. O show desta quinta-feira tem coisas muito interessantes, um prelúdio de Chopin, tem John Coltrane, Duke Ellington, Tom Jobim e também temas de Toninho Horta e Milton Nascimento, que sempre entram, independentemente de onde a gente toca”, diz, acrescentando que ele e Ornelas são de uma geração de músicos que cresceu impregnada pela obra do Clube.

Moreira ressalta que, a partir dos anos 70, integrou a banda que Ornelas mantinha, e desde então nunca deixaram de tocar juntos. O formato duo, ele salienta, sempre existiu, ainda que como uma “janela” em apresentações com formação instrumental maior. “O Nivaldo, que está no Rio, vem muito a Belo Horizonte, e eu vou muito ao Rio. Sempre estamos nos encontrando e tocando juntos”, diz, recordando o álbum “Aquarelas: A Música de Ary Barroso”, lançado em 1996, como uma materialização dessa longeva parceria.

Sobre tocar num espaço intimista e descontraído, onde artista e público estão muito próximos, Moreira diz que já se apresentou no Bardo Museu Clube da Esquina em outras oportunidades e que o burburinho natural desse tipo de ambiente já está incorporado. “O Baden Powell, num dado momento, tocava em bares, e dizia isso, que ‘não tem jeito, o pessoal conversa mesmo’. Mas o que acontece é que, dependendo do repertório e do jeito que você toca, você captura a atenção. Depende da comunicação com a plateia. Tem uma série de fatores”, aponta. Com relação a esse tipo de ambiente, ele reclama apenas do som mecânico, que eventualmente é colocado num volume superior ao do show, o que “puxa o ruído para cima”.

Músico prolífico, Moreira está com três projetos caminhando concomitantemente. Um deles é o disco “Cuerdas Del Sur”, em que divide espaço com vários outros grandes violonistas da América Latina, e que, conforme adianta, deve ser lançado até o final deste ano. Outro projeto é um álbum em que reúne temas de sua autoria que ganharam letras de parceiros como Chico Amaral, Murilo Antunes e Fernando Brant: “Devemos começar a gravar dentro de dois meses, tendo vários cantores convidados, de Minas e de outros Estados, como o Renato Braz e a Monica Salmaso”. O terceiro projeto é um retorno à obra de Tom Jobim, sobre a qual Moreira debruçou-se no disco “Nuvens Douradas”, de 1995. “É minha menina dos olhos. Aprendi a tocar basicamente ouvindo Tom Jobim. Quis voltar ao repertório dele para marcar os 20 anos do ‘Nuvens Douradas’, mas só agora consegui captar recursos”, diz.

 

 

AGENDA

Juarez Moreira e Nivaldo Ornelas
Quinta, às 21h00
Bar do Museu Clube da Esquina (rua Paraisópolis, 738, Santa Tereza)
Entrada: R$ 20,00