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SANTA JAZZ: sábado, à noite (03/06)

Texto de Luiz ‘Salsa’ Oliveira (especial para o site Clube de Jazz. Fotos de Luiza Oliveira).

Fotos: Luiza Oliveira
Fotos: Luiza Oliveira

Desde que mudei-me para Colatina, região noroeste do Espírito Santo, o jazz tornou-se mais e mais exíguo em minha vida. Por lá, só roquenrou. Em Vitória, nos finais de semana, o jazz não existe. Enfim, o cenário estava desolador para este que vos tecla. No entanto, nem tudo é trevas. Existe um oásis musical próximo: o sazonal evento Santa Jazz, que acontece no mês de junho em Santa Teresa, na região serrana capixaba, há alguns minutos de meu novo lar. Peguei a filhota e subi para curtir o sabadão de frio e o som.

Muni-me do meu saxofone e zarpei para a serra. Sim, eu vou para esses eventos na esperança de rolar uma Jam session em algum buteco da cidade. Fui e frustrei-me. Não encontrei os amigos. Só um samba com groove meio oriental. E, sem beber, então, a coisa ficou tensa. Mas isso só durou até o início do som do sábado à noite (únicos shows a que pude assistir).

A abertura ficou aos cuidados do acordeonista acreano Chico Chagas. Acompanhado por baixista e baterista, Chico mostrou que faz jus a figurar no panteão dos melhores instrumentistas brasileiros. Sua performance une virtuosismo e sensibilidade em alto nível. Ele passeou com desenvoltura pelo tango, baião, bossa, sempre com um fraseado digno dos melhores jazzistas. Mais que indico o seu último disco: Bossa jazz (que já está no meu player).

Na sequência, veio o arkansense já quase brasileiro Leo Robinson, que, por aqui, adotou o nome J.J. Jackson. Fez-se acompanhar por seus amigos paulistas da Prado Blues Band, e conseguiu fazer a alegria da galera interpretando r&b.

A terceira atração da noite foi Ed Motta. Confesso não ter-me dedicado a ouvi-lo anteriormente. Melhor assim, pois pude apreciar melhor seu trabalho. Sim, impressionei-me. Arranjos, performances dos músicos que o acompanharam, as composições, tudo me agradou. O som arraigado com o bom e velho funk/soul e com avassaladores arranjos jazzísticos assaltaram-me a alma. Senti-me envolto pela aura de Steve Wonder, Steely Dan e tudo que há de melhor do estilo. De quebra, nosso herói ainda jogou pra galera seus sucessos Manuel e Colombina, que foi ao delírio. Já estou providenciando a discografia.

O fim da noite foi do guitarrista capixaba Saulo Simonassi, que lançou seu primeiro disco solo: O tom azul do blues. Meticuloso, trouxe para o palco a banda e mais um naipe de sopros, para reforçar o suingue. Conhecido do público capixaba, manteve a sua verve de bom interprete.

Restou-me, ao final, mandar goela a baixo uma boa galinha com quiabo e angu e voltar, satisfeito, para o aconchego do lar.