A grande arte de Emiliano Sampaio
O guitarrista, trombonista, arranjador e compositor Emiliano Sampaio nasceu em 1984 na cidade de São Paulo. Estudou Música Popular na Universidade de Campinas (Unicamp), onde obteve um bacharelado e um mestrado em música popular com a pesquisa “As composições de Nailor Proveta para a Banda Mantiqueira”. Durante os anos em Campinas, começou sua parceria com Luis Andre Gigante e Gustavo Boni e criou o grupo “Meretrio“, trio que gravou seis álbuns juntos. No Brasil, o Meretrio teve sua estréia como noneto com o Projeto Meretrio, grupo que lancou dois discos pelo Movimento Elefantes. Em 2012, o trio mudou-se para Áustria e formou novamente o noneto batizado de “Mereneu Project“, grupo que ganhou o “Downbeat” Student Award 2014 na categoria “Melhor Jazz Combo” e já lançou dois álbuns na Áustria. Agora em 2016, o “Mereneu Project” lança seu terceiro disco, intitulado “The Forbidden Dance”. Ainda esse ano o Meretrio lança seu último trabalho, “Óbvio“.
Wilson Garzon – Quando você se encontrou com Gustavo e Gigante já tinha a ideia de criar o Meretrio? O duplo sentido do nome tinha a ver com o conceito de música proposta pelo trio?
Emiliano Sampaio – Nós nos conhecemos em 2003 quanto estávamos estudando em Campinas, no curso de música da Unicamp. Naquela época a gente se juntou pra aprender a tocar em trio sem nenhuma grande expectativa ou planos para o futuro. Tocar em trio é um grande desafio e o Meretrio foi uma escola para todos nós.
O nome veio como sugestão de um amigo da faculdade. Na época estava na moda batizar grupos de música instrumental com nomes indígenas ou relacionados à tradição, e nós procuramos evitar isso. Nós três somos bem urbanos, nascemos e crescemos em cidades grandes e nossa música dialoga com a tradição, mas também com a música contemporânea. Então o nome casou muito bem!
WG – O surgimento do Noneto veio do desenvolvimento por novas propostas musicais? Foi importante a participação no Movimento Elefantes?
ES – Eu sempre adorei bandas grandes. E quando pensei em montar uma banda maior, a primeira idéia foi usar o Meretrio como seção ritmica pois o trio já soa como uma banda. A decisão de ser um noneto também foi pensada. A idéia era ter a possibilidade de soar como uma “banda grande”, com os sons presentes em uma big band, mas com o tamanho reduzido. Depois fui descobrir que o noneto é uma formação muito usada no mundo todo e muito presente na história do jazz!
O Movimento Elefantes é uma iniciativa fundamental para a produção e divulgação desse tipo de música e fiquei muito feliz de poder ajudar na sua criação e no seu desenvolvimento durante anos ai no Brasil. Posso dizer que gracas ao Movimento Elefantes pudemos realizar muitos ótimos concertos com o noneto e conhecemos também muitos músicos da cena em São Paulo, o que sempre nos ajudou a continuar o desenvolvimento da nossa música.
WG – Quais são as novidades de “Óbvio”, em relação aos outros trabalhos do Meretrio? Conte-nos um pouco sobre as suas composições nesse CD.
ES – Em “Óbvio” tivemos muitas novidades. Este é nosso primeiro CD gravado fora do Brasil e nossas primeiras músicas compostas coletivamente a partir de improvisação livre. A participação do saxofonista e flautista Henrich Von Kalnein também foi uma honra para nós pela sua linda contribuição artística para o disco. Acho que esse CD também surge em uma época muito importante do trio, pois no
sso último CD como trio é de 2011. Nesses 5 anos tivemos muitas novas experiências musicais e também na vida, e acho que tudo isso reflete na música de modo positivo.
WG – Mereneu Project foi criado a partir da sua residência na Áustria. Como é um novo noneto, quais são as diferenças com o Noneto Meretrio?
ES – Quando mudei pra Áustria foi um momento de recomeço em muitos sentidos: nova língua, nova casa, comida diferente, etc. E também não tinha mais o Meretrio e todos os meus projetos do Brasil ficaram em stand-by.
Como a música do noneto sempre foi detalhadamente composta e escrita em partituras, foi possível remontar a banda aqui em Graz, e esse recomeço foi meu insentivo para escrever novas composições para essa formação e para os músicos do Mereneu Project. Cada músico tem suas características e fiquei muito feliz de poder gravar 3 discos com esses 9 músicos aqui em Graz desde 2012.
WG – No Savassi Festival, você irá apresentar dois trabalhos, Meretrio e “The Forbidden dance”. Quais são as suas expectativas sobre esses shows? Vai haver alterações nos repertórios?
ES – Fico extremamente feliz com esses concertos e espero aproveitar ao máximo a chance de tocar no Savassi com dois projetos. O Meretrio já esteve ai em BH e foi sempre muito bem recebido, então claro que ficamos felizes de lançar o disco novo ai. Com o Mereneu Project é uma expectativa ainda maior, pois é a primeira vez que levo essa grande banda da Áustria para o Brasil. Ou seja, é a primeira vez que levo a música que venho fazendo na Áustria desde 2012 para minha terra natal. Espero que o público aproveite e também que os músicos do Mereneu Project aproveitem essa visita ao Brasil para trocas de experiencia, que são sempre tao valiosas.
WG – Quais são seus próximos projetos?
ES – Agora a ideia é lançar os discos e tocar muito com o Meretrio e com o Mereneu Project pelo mundo. E como falei adoro música para grandes ensembles e venho escrevendo muitas coisas novas por aqui. Para o futuro espero poder gravar um novo trabalho com big band, mas dessa vez não como música instrumental e sim como canção. Além disso, também estou me dedicando a escrever música orquestral para a formação de big band com orquestra sinfônica, e espero um dia poder trazer esse projeto à vida.
SAVASSI FESTIVAL
Meretrio e Convidados
Emiliano Sampaio: guitarra; Luis Andre Gigante: bateria e Gustavo Boni: baixo.
30 de junho, às 20h00
Local: Café com Letras Savassi (rua Antônio de Albuquerque, 781, Savassi)
Entrada: R$ 15,00
Emiliano Sampaio Mereneu Project lança o CD “The Forbidden Dance” (Brasil/Áustria)
Marko Solman: trompete, flügelhorn; Dominic Pessl: trompete, flügelhorn; Patrick Dunst: madeiras; Mike Yevtushenko: madeiras; Nicolo Loro Ravenni: madeiras; Karel Eriksson: trombone; Luis Andre: bateria; Gustavo Boni: baixo e Emiliano Sampaio: guitarra, arranjos, composição.
2 de julho, às 20h45
Local: Palco Skol (praça Santa Teresa)
Entrada: franca