Um Trio nada ‘Trivial’!
Conheci Paulo Fróis, o baterista do ‘Trivial’ indo às quartas do Fonte Nova onde rolava o melhor da nova geração do jazz de BH. Nessa época, o trabalho do Trivial já estava sendo desenvolvido e começava sua circulação pela cidade. Então Paulo Fróis, mais o contrabaixista Pedro Gomes e o violonista Augusto Cordeiro começaram um projeto de tocar às quintas nesse mesmo Fonte Nova, e ficaram lá por mais de um ano. Aos poucos foram sendo conhecidos e se tornaram uma referência dessa nova turma da música instrumental que estava emergindo na cena de BH. O cd foi lançado durante a primeira quinzena de julho, dentro da edição de 2018 do Savassi Festival. Agora conheçam a palavra e a música do ‘Trivial’.
Wilson Garzon – Você nasceu dentro de um meio musical? A bateria foi sua primeira opção?
Paulo Fróis – Não sou de família tradicionalmente musical, mas minha principal influência no início dos meus estudos foi minha irmã, que começou a estudar acordeon. Minhas primeiras opções foram instrumentos de percussão, para acompanhá-la nas primeiras apresentações em festas e já em alguns bares da cidade.
WG – Há quanto tempo milita na cena instrumental de BH? Que trabalhos ou grupos você destacaria? Que músicos foram influentes na sua formação?
PF – Fazer parte da cena instrumental da cidade é muito realizador! A partir de 2016 comecei a estar mais presente nos projetos, shows e pude trabalhar com muita gente que eu admiro muito e que são referência demais. Entre eles, cito Chico Amaral, Cleber Alves, Luísa Mitre, Titane, Cliff Korman, Mauro Rodrigues e Eduardo Neves, entre vários outros.
As influências são, sem dúvida, os bateristas da cidade, que já perdi a conta de quantas vezes assisti: Neném, André ‘Limão’ Queiroz e Lincoln Cheib! São os caras! E a turma da nova geração, que além de amigos, são grandes ídolos: Gabriel Bruce, Felipe Continentino e Arthur Rezende e vários outros que estão chegando com tudo!
WG – Como surgiu o Trivial? Vocês já se conheciam há algum tempo? Como se aplica o conceito ‘trivial’ a uma música criativa e improvisativa?
PF – Pedro e Augusto cresceram praticamente juntos, pois seus pais, grandes referências da música regional mineira, são muito próximos. Eu conheci o Pedro depois, quando estudamos juntos no CEFAR. Já na UFMG, onde nós três estudávamos, o grupo surge, a princípio, como um grupo de estudo. Lá fizemos todas as matérias disponíveis de prática em conjunto com esse trio, e a partir dessa ligação afetiva e musical, decidimos começar realmente o trabalho.
O nome do grupo tem a ver com a formação: um grupo pequeno, que utiliza do som natural dos instrumentos, arranjos concisos, onde o foco principal não são essencialmente os improvisos, e sim os arranjos e a forma como as músicas são desenvolvidas. Há também uma interpretação morfológica, Tri-Vial. Três músicos, três vias distintas, personalidades, vivências, estudos completamente diferentes, que juntos moldam a sonoridade do trio.
WG – Como foi o processo de gravação desse cd?
PF – O disco foi gravado no Estúdio 71, do querido Christiano Caldas (pianista), que também assumiu lindamente a direção musical do disco. Foi gravado ao vivo, em quatro dias. Contamos com a participação de Pablo Malta tocando bandolim em Sossega o Facho – que ele também é co-autor. E Cléber Alves, tocando sax soprano na música Tarde!
WG – O repertório é composto por dez composições, sendo duas suas, três de Augusto Cordeiro e cinco de Pedro Gomes. Gostaria que você descrevesse o conceito de ‘Santi’ e ‘Curupira’, que foram compostas por você.
PF – Decidimos gravar o disco quando já tínhamos todas as composições prontas. Foi um processo bem natural, entrar no estúdio com as músicas já bem estruturadas.
Pro Santi é uma música que compus durante minhas aulas com Santiago Reyther. É um cara que admiro muito e essa música fiz dedicada a ele e a todos os meus professores de bateria que já tive, que não foram poucos!
Curupira foi um processo de descobertas. Uma mistura de ideias que a princípio eram soltas, que bati bastante a cabeça, e contei com a ajuda especial e carinhosa do meus amigos, com ideias ótimas e muito carinho com as minhas composições! Não me considero compositor, então Curupira é como se fosse algo que estivesse andando contra as regras, uma música muito importante e libertadora pra mim.
WG – Como foi e está sendo a divulgação de ‘Trivial’? Que outros projetos você projeta para o trio e pelo lado pessoal?
PF – Ficamos muito felizes de poder lançar esse disco no Savassi Festival, um dos festivais mais importantes do Brasil. Ainda estamos com alguns shows marcados para esse ano.
Agora é trabalhar pra rodar esse disco pelo Brasil e, quem sabe, pelo mundo!
Pedro Gomes – contrabaixo
WG – Você nasceu dentro de um meio musical? O baixo foi sua primeira opção?
PG – Sim, nasci num meio musical. O baixo na verdade não foi minha primeira escolha. Seria bateria, mas como eu morava em apartamento, se tornou inviável. Meu pai, Wilson Dias, violeiro de Minas Gerais, foi meu primeiro trabalho profissional, e o responsável pelo início da caminhada.
WG – O repertório é composto por dez composições, sendo cinco suas, duas de Paulo Fróis e três de Augusto Cordeiro. Gostaria que você descrevesse o conceito de ‘Gonzagueando’, ‘Cinco’, ‘Fugindo do Sete’, ‘Nascente’ e ‘Sossega o Facho”, se foi composta para esse cd ou se já estava pronta ou se é uma homenagem ou dedicada a alguém.
PG – Sou uma pessoa sem hábito de compor. E minhas músicas não costumam homenagear outras pessoas. Basicamente, surgem melodias e temas na minha cabeça, e depois paro pra desenvolve-las. A música Sossega o Facho foi parceria com Pablo Malta, grande amigo, e fico feliz demais de ter feito essa música com ele!
Augusto Cordeiro – violão
WG – Você nasceu dentro de um meio musical? O violão foi sua primeira opção?
AC – Sim, nasci em meio musical: meu pai é músico. E por consequência disso, grande parte dos meus amigos que viveram dentro da minha casa são músicos. Então, a música sempre esteve presente na minha casa. Por meu pai ser violonista, trabalhar com voz e violão, era o instrumento que tinha na minha casa, e onde eu fui musicalizado, onde aprendi minha primeira canção. Mais tarde, vim a gostar muito de percussão, tocar um pouco de pandeiro, mas o violão realmente me pegou e até hoje estou na busca, explorando esse universo imenso desse instrumento.
WG – O repertório é composto por dez composições, sendo três suas, cinco de Pedro Gomes e duas de Paulo Fróis. Gostaria que você descrevesse o conceito de ‘Pros Amigos’, ‘Plural’ e ‘Tarde”, se foi composta para esse cd ou se já estava pronta ou se é uma homenagem ou dedicada a alguém.
AC – Em relação às músicas, a primeira que eu compus foi Plural. Que também foi gravada no trabalho que desenvolvo com meu pai, chamado Tau Pai, Tal filho. Composta num contexto de juntar minhas influencias musicais. O baião e uma referência que sempre tive e na época estava muito forte, e fiz essa música. E os meninos do trio ajudaram muito nos arranjos também.
Pros Amigos foi a segunda música, pensada realmente pros meus amigos do trio, feito pra eles, dedicada a amizade. É um samba alegre, foi construído nesse sentido. Sempre ouvi muito João Bosco, então acho que tem essa pegada.
Tarde foi feita literalmente numa tarde que a gente passou na casa do Pablo Malta, que inclusive é meu parceiro nessa música. Eu estava com um pedaço, a parte A da música já estava pronta, daí a gente passou essa tarde na casa do Pablo e a música saiu pronta de lá.
Bom, é isso Wilson! valeu demais!
Trivial – Nascente
Trivial – Plural