Lançamentos

A Alma do músico Túlio Mourão

Túlio resolveu celebrar seus 50 anos de atividades musicais com a elaboração de um livro e a gravação de um cd. A primeira fase já foi cumprida com o lançamento de ‘Alma de Músico‘. Quanto ao cd, o processo irá se alongar um pouco mais, está previsto para fins de março ou abril desse ano.

Já faz um bom tempo que conheço Túlio, ou seja, desde os fins dos anos 60 na sua querida Divinópolis… Aportei por aquelas bandas levado por Florisvaldo Dias, aimoreeense como eu, que na época dirigia o DA da Faculdade de Direito. Entre idas e vindas, acabei conhecendo Túlio através da sua irmã, Clarice. Em BH, a nossa convivência foi interrompida no começo dos anos 70 quando Túlio migrou para o Rio para iniciar a sua carreira profissional como músico, compositor e arranjador.

 

 

Nos anos 80, em Brasília, trabalhando com a mídia de jazz e instrumental brasileiro, pude entrar em contato com a sua música, que a essa altura, Túlio já tinha LPs lançados na praça:  com destaque para “Jasmineiro” e “Teia de Renda“. Fiquei impressionado com o seu estado da sua arte e feliz em ter um amigo em alto estágio criativo. Passados mais de 25 anos, ao retornar para BH, por coincidência, retomamos o contato, que pelas esquinas da vida se tornou trilheiro musical de meu primo, o cineasta Paulo Thiago, nos filmes ‘Jorge, um Brasileiro‘, ‘Moças de Fino Trato‘ e o ‘Vestido‘.

De posse do livro “Alma de Músico“, mergulhei nos seus ‘causos‘ memoriosos e comecei a cobrir as lacunas do tempo e pude reencontrá-lo em vários tempos e movimentos e de uma certa maneira fragmentada, para poder entender a sua trajetória como artista, cidadão e livre pensador.

Então, a ele perguntei a escolha dele em escrever um livro e o porque da sua recusa em escrever uma biografia.
Acho que o livro nasceu por conta dos casos e episódios que eram muitos e tinham força literária própria. A decisão de escrever, devo ao Frei Betto que me convenceu da importância de fazer um registro histórico, mesmo sob formato de crônicas, de um rico e especial momento na cultura do país. De propósito fugi da linearidade da biografia , também buscando uma autonomia maior para cada crônica. A questão é que estou adorando a experiência de escrever!”

 

Alma de Músico‘, editado pela ‘Guliver Editora‘, de Divinópolis, tem o prefácio do Frei Betto, seguido por 49 textos, dispostos aleatoriamente, tanto do ponto de vista cronológico quanto pelo teor literário. Em onze desses textos, no final deles há links de vídeo para melhor ilustrar o cenário dessas histórias.

Como as histórias não seguem uma sequência lógica de tempo, a proposta do autor é mergulhar (ou brincar) um pouco dentro do espírito cortaziano do Jogo da Amarelinha.  O leitor pode, ou escolher sequência que o livro propõe ou abrir ao acaso ou abordar temas como a  infância e adolescência, ele com certeza lerá os causos de Mozart, Montanha de Cristal, Marcelino, Colégio Estadual…

Seguindo essa linha, o leitor poderá optar por histórias que abrangem o período em que desenvolveu a sua carreira no Rio e São Paulo (Elis, Mutantes, Ney Matogrosso, Betânia), o período em que ficou na banda do Milton, no Brasil e no exterior, os causos engraçados e aqueles em que passou apertos e também sobre seus projetos musicais, como o Paixão e Fé.

Túlio, no meio de seus textos, sempre que se fazia necessário e oportuno, expressava suas ideias sobre estética, cidadania, política, religião, passando assim ao leitor uma subjetividade que estaria inerente às essas histórias, enriquecendo a leitura, seja no tempo ou espaço.

Como ele está ‘adorando a experiência de escrever‘, acredito que em breve, Túlio estará escrevendo crônicas, ou estruturando pequenas histórias em forma de conto ou, retirando a sua negativa e comece de fato a escrever a sua biografia.

Resumindo ‘Alma de Músico’, em suas próprias palavras: “Música é a mais eloquente afirmação das diferenças. Também a mais convincente e indiscutível prova de que é possível fazer o belo, o útil, o prazeroso, e o significante a partir de… diferenças“.