Clube de Jazz do Café com Letras será inaugurado hoje em Belo Horizonte
Mais de 40 anos depois, o empresário ocupa novamente o espaço. O tempo passou, BH mudou, a rua já não é mais cercada de simpáticas casinhas forjadas em estilo neocolonial, mas a paixão de Golgher pela música, especialmente pelo jazz, permaneceu intacta.
O sonho de ter um clube de jazz ganha contornos reais nesta segunda-feira (18). Hoje, após 10 meses de reformas, ele inaugura o Clube de Jazz do Café com Letras na mesma Antônio de Albuquerque, nº 47. A partir das 19h (veja detalhes da programação de abertura no fim da matéria), o produtor cultural dá início a um projeto que passeia com sua cabeça há pelo menos 15 anos. Idealizador do Savassi Festival, evento de jazz já consolidado no calendário cultural de BH, Golgher sentia falta de um espaço que fosse ao mesmo tempo uma extensão do festival e um ponto de encontro de músicos e público em torno do jazz.
“Era o sonho de um lado e a necessidade do festival de outro”, ele comenta. O ambiente intimista também era um dos charmes que Golgher perseguia: “Para o jazz, em particular, a proximidade faz muita diferença. Tem uma energia do público com a banda, do improviso. No jazz não tem piada pronta, os shows são sempre diferentes e o clube te dá essa proximidade, essa troca”.
Liderada pelo guitarrista e compositor Felipe Vilas Boas, a Big Band do Clube de Jazz será a responsável por fazer o primeiro show do novo espaço musical de BH. Pensado especialmente para ser a banda residente do clube, mas também para abrir diálogo com artistas e compositores nacionais e internacionais, o grupo, que poderá se apresentar em festivais, é formada por outros 12 músicos: Jackson Ganga (sax alto), Vinícius Augustus (sax alto), Breno Mendonça (sax tenor), Vinícius Mendes (sax tenor), Wagner Souza (trompete) Daniel Leal (trompete), João Machala (trombone), Danilo Mendonça (trombone), Lucas De Moro (piano), Felipe Vilas Boas (guitarra) Bruno Vellozo (contrabaixo) e Cyrano Almeida (bateria).
Música de segunda a sábado e festivais ainda em 2022
A programação musical ocupará o clube de segunda a sábado, com bandas e artistas apresentando dois sets de 60 minutos cada. Segunda-feira, por exemplo, é o dia da big band. “É a única agenda fixa”, diz Golgher. Terça será dia de abrir palco para novos talentos do jazz e da música instrumental da capital, além de iniciativas educacionais em parcerias com instituições como a Uemg e a UFMG. “Quero saber o que os jovens estão fazendo, componho. Quero que essas pessoas sintam que o clube é a casa deles”, acrescenta o produtor.
Artistas já consagrados, entre os quais Chico Amaral, Juarez Moreira, Toninho Horta e Túlio Mourão, se apresentarão às quartas-feiras. Folk, nova MPB, choro contemporâneo e cantautores da cidade terão espaço às quintas. Na sexta e no sábado o jazz volta a ser protagonista, com olhares pontuais também para o blues feito em BH.
Clube de jazz com cara de bar
“Nunca quis que fosse algo chique, qualquer pessoa pode chegar e ficar à vontade, sem essa ideia de que jazz é uma coisa sofisticada. O que eu quero é que seja uma coisa tecnicamente super profissional, com ótimos equipamentos, músicos felizes”, pondera o produtor. Bruno Golgher também reafirma a intenção de que o local tenha a ver com a cultura da cidade, inclusive com mesas na calçada, de onde os frequentadores poderão escutar o show através de vidros acústicos instalados na fachada. O Clube de Jazz terá capacidade para aproximadamente 60 pessoas no espaço interno e outras 40 nas mesas colocadas no ambiente externo.
“O belo-horizontino ama ficar no passeio, é um traço cultural e eu queria dialogar com isso. Quem anda na rua também vê tudo que está acontecendo no clube”, conta. Outra novidade é que as apresentações no Clube de Jazz do Café com Letras serão gravadas e disponibilizadas no YouTube do Café com Letras.
O cardápio do Clube de Jazz, desenvolvido pelo chef Renato Quintino, traduz a ideia de não ser um local pedante e intimidador e terá pratos típicos de botecos tradicionais da cidade e da comida contemporânea, basicamente para compartilhar. Opções veganas e vegetarianas não ficaram de fora. Na parte das bebidas, com a colaboração da bartender Jocassia Coelho, a casa servirá chopp, drinks feitos para a casa e coquetéis tradicionais, com ênfase em uísques e bourbons.