Danilo Caymmi relança ‘Cheiro verde’, seu primeiro álbum solo
Augusto Pio, Estado de Minas, 17/06/2023
Lançado apenas em vinil em 1977, o primeiro álbum de Danilo Caymmi, “Cheiro Verde” (TerraCaymmi), chega agora às plataformas digitais. Ronaldo Bastos, Ana Terra, Nelson Angelo e João Carlos Pádua foram parceiros dele em algumas daquelas 10 faixas autorais. Milton Nascimento cantou “Lua do meio-dia” no disco.
Uma banda de craques acompanhou Danilo, que assumiu vocais, flauta e violão:
Nelson Angelo (guitarra), Novelli e Fernando Leporace (baixo), Airto Moreira, Gegê e Pascoal Meirelles (bateria), Cristóvão Bastos e Helvius Vilela (piano), Maurício Maestro (violão) e Edson Maciel (trombone).
Nelson Angelo (guitarra), Novelli e Fernando Leporace (baixo), Airto Moreira, Gegê e Pascoal Meirelles (bateria), Cristóvão Bastos e Helvius Vilela (piano), Maurício Maestro (violão) e Edson Maciel (trombone).
Em 2002, Danilo licenciou tiragem do álbum na Inglaterra, para o selo WhatMusic. O disco acabou se tornando cult entre os jovens na Europa, mas não foi distribuído no Brasil.
“As pessoas cobravam muito, porque ele tinha virado raridade e havia se popularizado na Europa e nos Estados Unidos. Fico feliz com a oportunidade de poder relançá-lo, tantos anos depois”, ressalta.
“As pessoas cobravam muito, porque ele tinha virado raridade e havia se popularizado na Europa e nos Estados Unidos. Fico feliz com a oportunidade de poder relançá-lo, tantos anos depois”, ressalta.
Nana e Elis
O disco traz músicas que se tornaram conhecidas posteriormente, como “Codajás”, parceria com Ronaldo Bastos gravada por Nana Caymmi, irmã do compositor, e “Pé sem cabeça”, parceria com Ana Terra gravada por Elis Regina (1945-1982).
“O álbum é produção da Ana Terra, que era casada comigo na ocasião. Este disco seguia a trilha do Antonio Adolfo, pioneiro da produção independente no país, com o ‘Feito em casa’ (Vinyl, 1977)”, conta. Adolfo ensinou a Danilo e a Ana o “caminho das pedras”, dando a eles a lista de lojistas que vendia seu álbum.
“Você gravava, vendia, corria atrás, ia pra rua. Fizemos três mil cópias e conseguimos vender todas. Mas agora, nesta era digital, esse disco ficou parado. Ele foi se valorizando com o tempo, o que é muito gratificante”, diz Caymmi.
Agora, vem aí o relançamento em vinil, “mais apurado, uma verdadeira obra de arte”, diz. “Principalmente para os colecionadores é muito bacana. Ana Terra está cuidando disso.”
Na banda de Tom
Em “Cheiro Verde”, o caçula de Dorival Caymmi exibe seu lado cantor e compositor. Até então, ele se destacava, sobretudo, como instrumentista – foi flautista no primeiro álbum de Milton Nascimento, “Travessia” (1967). Danilo se firmou como cantor um pouco mais tarde, quando passou a fazer parte da elogiada banda de Tom Jobim.
“Minha mãe Stella Maris (1922-2008), que era mineira, dizia: ‘A Nana é a cantora, Dori, o arranjador, e o Danilo, flautista’. Não podia desobedecê-la muito não”, brinca.
Caymmi acha que, hoje em dia, antigos lançamentos não ficam mais datados.
“O cara vai numa playlist e encontra aquelas músicas todas. Ele está no mundo da música, não tem data”, acredita ele.
“O cara vai numa playlist e encontra aquelas músicas todas. Ele está no mundo da música, não tem data”, acredita ele.
“Vejo muito isso: o jovem está gostando da música do nosso querido Antonio Adolfo que foi gravada em 1976. Não é como antes, quando se dizia: vou comprar um disco e botá-lo para tocar. Hoje, simplesmente se escuta uma playlist”, reforça.
Na semana que vem, Danilo finaliza seu novo álbum, “Andança – 55 anos”.
“Gravo músicas emblemáticas do mundo em que vivi, dos festivais e da repressão também. Devo lançá-lo nas plataformas no segundo semestre. O repertório traz clássicos, entre eles ‘Eu e a brisa’, do Johnny Alf.”
“Gravo músicas emblemáticas do mundo em que vivi, dos festivais e da repressão também. Devo lançá-lo nas plataformas no segundo semestre. O repertório traz clássicos, entre eles ‘Eu e a brisa’, do Johnny Alf.”