Carol Panesi, depois de alcançar sucesso artístico com ‘Primeiras Impressões’, seu primeiro trabalho autoral, vai cada vez mais desenvolvendo seu caminho e amadurecendo a sua própria linguagem. Aqui ela nos apresenta suas novas joias raras da sua produção musical: o cd ‘Em Expansão” e o recentíssimo EP “Carol Panesi e Eleva Big Band”. Nessa entrevista, ela nos conta um pouco da criação e produção dessas belas obras.
Wilson Garzon – Logo após o lançamento de ‘Primeiras Impressões’, você iniciou as gravações de ‘Em Expansão‘, seu segundo cd solo. No repertório, que composições já estavam prontas e quais foram criadas para esse novo projeto?
Carol Panesi – Quando eu recebi o convite do selo de música instrumental Blaxtream para gravar esse álbum, eu já tinha composto ‘Luz de Estrela e Diamante‘, ‘Flor de Vida‘, ‘Transição Planetária‘ e ‘Lágrimas de Carinho‘. Eu fui compondo, sentindo que nascia um novo trabalho, mas quando o Thiago Monteiro fez esse convite, aí fui compondo as outras.
WG – ‘Em Expansão‘, você apresenta um repertório voltado para o mundo espiritual. O conceito desse segundo trabalho segue o que você tinha proposto para o primeiro? Este trabalho representa uma evolução no seu processo de criação?
CP – O conceito do “Em Expansão” é diferente do “Primeiras Impressões”, apesar da essência ser a mesma: a música intuitiva, livre e colorida. Uma grande mudança aconteceu em mim como ser humano, e naturalmente refletiu na minha arte. Não sei se é exatamente uma evolução no processo criativo, são momentos de vida muito diferentes, e cada álbum de certa forma é um reflexo disso.
WG – Composições como Transmutação Violeta‘, ‘Em Expansão‘ e ‘Afeto‘, são composições mais expansivas e ritmadas. Representam a alegria e o prazer de viver?
CP – Pode-se dizer que de certa forma sim. ‘Transmutação Violeta‘ é para nos lembrar que tudo podemos mudar com a força de nossos pensamentos, sentimentos e ações. ‘Em Expansão‘ reflete a abertura da nossa consciência, e ‘Afeto’ representa esse sentimento acolhedor que nos deixa de sorriso largo. De certa forma tudo está ligado à alegria e prazer de viver.
WG – Já outras, como ”Flor de Vida‘, ‘Transição Planetária‘ e ‘Irmandade da Luz‘ são mais reflexivas, voltadas para as emoções internas. É por aí?
CP – São 3 músicas mais reflexivas sim. Uma interpretação bonita esse olhar para as emoções internas. Não foram feitas com essa consciência, mas pode ser sentida por aí sim.
WG –Em plena era pandêmica, você acaba de apresentar seu mais novo trabalho: ‘Carol Panesi e Eleva Big Band‘. Como se deu esse contato com essa Big Band de Córdoba, Argentina, composta só de mulheres?
CP – Em 2019, durante uma turnê pela Argentina em Duo com o bandolinista Pedro Franco, fizemos um concerto no Sindicato dos Músicos de Córdoba. Lá eu conheci o Victor Garay, que trabalha com a parte sonora do Sindicato, e ele quem me falou da Eleva Big Band, quando perguntei se o Sindicato teria algum grupo para me indicar, pois eu estava me inscrevendo no edital de residência de composição do Programa Ibermúsicas. A partir daí, fiz contato com a Lourdes Fontana, diretora da Big Band, e começamos um contato muito produtivo.
WG – Como foi o processo de gravação e edição desse EP?
CP – Após muitos ensaios e reuniões virtuais, a Eleva Big Band gravou em Córdoba, no Desdemona Estúdio, e após receber as gravações delas, eu gravei em São Paulo, no Faria e Friends Estúdio minhas partes. Devido à pandemia, elas não puderam gravar todas juntas, foram gravando por naipes e por sessões.
WG – Conte-nos um pouco sobre o processo de criação e arranjos de: Pachamama, Suíte Os Sete Chakras e Luna Llena.
CP – Comecei fazendo o arranjo da Suíte Os Sete Chakras, pelo Zoom, com toda Big Band presente. Depois separamos os ensaios em 2 partes: cozinha e sopros. Fiz 3 dos 7 mantras assim. Esse processo foi fundamental para que eu conhecesse musicalmente e pessoalmente cada integrante. Aí, fui compondo e arranjando as outras músicas sozinha, com o teclado, imaginação e computador, e ia enviando para elas os pdfs.
WG – Após a pandemia, você pensa em desenvolver com a Eleva um projeto mais amplo, já que esse foi apenas uma fração da proposta inicial?
CP – Seria muito lindo poder fazermos pelo menos um concerto presencial para lançar esse trabalho, vamos torcer para que seja possível! Não sei se um projeto mais amplo, dependeria de patrocínio, pois na verdade não realizamos exatamente uma fração. O que aconteceu foi uma reformulação do projeto. Antes seria gravado um álbum com dez músicas e um concerto de lançamento. Aí, como gravar 1 álbum completo com mais de 20 musicistas nessas condições de pandemia ficou inviável, fizemos 3 músicas, mas acoplamos a gravação de vídeos delas. Além disso gravamos um pequeno documentário sobre como foi todo processo. E faremos um concerto virtual, onde será a estreia desses 4 vídeos. Será dia 19 de março pelo meu canal do Youtube.
WG – Como estão seus projetos voltados para aulas, workshops e Lives?
CP – Com a pandemia eu lancei um curso online de Improvisação e Criatividade. Esse curso tem me trazido muito aprendizado, trocas e alegrias. Em abril participarei de uma Live pelo Internacional Berkeley Festival of Choro 2021. E entre abril e maio tenho novidades também, vem aí meu quarto álbum: “Arte é Oração“, de Duo com o guitarrista Fábio Leal, com a maior parte das músicas feitas durante a quarentena. Foi gravado em dezembro de 2020 e está na fase de mixagem.
WG – Em relação à sua formação, agora, dentro do contexto da música espiritual, que músicos foram importantes ? Hoje em dia, quem produz aqui e fora, uma arte de qualidade e que dialoga com a música que você cria?
CP – Essa pergunta é muito interessante. Hermeto Pascoal e Itiberê Zwarg continuam sendo minhas maiores inspirações. Reconheço muita espiritualidade em suas músicas e em todo tempo que estivemos trabalhando juntos. E os músicos que tocaram comigo nos álbuns comentados foram sem dúvida fundamentais para mim. Apesar de estarmos juntos pela parte musical, cada um(a) deles foi importante para realização dos álbuns comentados: Fábio Leal (guitarra), Jackson Silva (baixo) e Guegué Medeiros (bateria) que gravaram o “Em Expansão” e todas as instrumentistas da Eleva Big Band. Eu não tenho ainda uma inspiração ou influência de algum músico que faça essa relação da música com a espiritualidade, nesse novo lugar para mim.