Badi Assad indicada ao Prêmio Profissionais da Música
Melhor Cantora, Melhor Instrumentista Popular Feminina, Melhor Autora (música e letra) e Melhor Artista da MPB. Essas são as quatro categorias para as quais Badi Assad acaba de ser indicada no Prêmio Profissionais da Música, premiação que celebra e reconhece o esforço e a criatividade dos trabalhadores da música em toda a cadeia produtiva. O evento agora entra para a etapa da votação popular, e no início de 2025, serão anunciados os finalistas de todo o Brasil. A cerimônia de premiação acontece em Brasília, no mês de junho.
Além das indicações, Badi, que nesse momento realiza turnê pelos Estados Unidos, também comemora um ano de grandes projetos. Em 2024, lançou o álbum 30 anos de Olho de Peixe, ao lado da Orquestra Mundana Refugi e o álbum Bentu, com Sérgio Pererê, projeto que aborda a riqueza da cultura afro-mineira. E as celebrações não param por aí: em 2025, a artista completará 35 anos de carreira.
Badi Assad conquistou o público ao redor do mundo com sua habilidade única de misturar estilos e criar uma sonoridade singular. Em 1989, lançou seu primeiro álbum “Dança dos Tons” e logo chamou atenção pela sua originalidade, misturando voz, violão e percussão. Sua carreira internacional decolou com a gravadora Chesky Records, sendo reconhecida como uma das melhores artistas brasileiras. Após mudar-se para os Estados Unidos em 1998, lançou o aclamado álbum “Chameleon”, ampliando ainda mais seu reconhecimento global.
Ao longo dos anos, colaborou com diversos artistas, recebeu prêmios e participou de iniciativas sociais e culturais. Seu legado continua em constante evolução, com lançamentos recentes como o cd “Ilha” (2022) e projetos como “Mulheres do Mundo” (2024), evidenciando sua inabalável criatividade e compromisso com a música e a arte.
Admiração mútua – Sérgio Pererê e Badi Assad
A admiração mútua deu lugar a uma aproximação durante a pandemia, quando Badi realizou lives com artistas que não conhecia. Pererê seria um dos convidados do encontro virtual, que acabou não ocorrendo. Desde então, no entanto, os dois passaram a conversar. Mais tarde, quando Badi veio a Belo Horizonte para fazer show, ele foi assisti-la e os dois começaram um diálogo em torno de um futuro projeto.
Que se tornou real a partir do Programa Funarte Retomada 2023. “A gente sabia que iria mergulhar em um processo (criativo), mas não sabia o que iria surgir”, diz Pererê. “Bentu” significa vento no crioulo da Guiné-Bissau (ou criol), país de seus antepassados maternos.
“Acredito que a herança africana mais forte que temos no Brasil é em Minas”, diz ele, que é rei festeiro na Irmandade do Rosário Os Ciriacos, em Contagem. Pererê trouxe Badi para participar do ritual de abertura do Reinado, no Sábado de Aleluia, no final de março. “Depois da Quaresma, volta-se para festejar em devoção a Nossa Senhora, Santa Efigênia, São Benedito. É quando os tambores voltam a tocar”, explica.
Pois na segunda-feira imediatamente após a Páscoa, os dois entraram no estúdio Engenho, em BH. Ele levou seus instrumentos de percussão; ela, seu violão. “Foi um processo bonito, pois ela se conectou com a energia do Reinado. Em quatro dias, nós tínhamos as nove faixas.”
Parceria
Quando trabalha em parceria, Pererê geralmente se dedica mais às letras. Em “Bentu”, não. “Foi um jogo de vaivém, eu fazia uma parte da música; ela, outra. Então, neste disco tem letra e melodia dos dois.” A imersão rápida e intensa em estúdio fazia parte do conceito do projeto.(Mariana Peixoto, jornal Estado de Minas, 20/10/24)