Chico Amaral lança o álbum instrumental “Canções Brasileiras”
Conhecido primeiramente como coautor e arranjador de alguns dos maiores sucessos do Skank, o compositor, saxofonista e multi-instrumentista Chico Amaral privilegia em “Canções Brasileiras” seu talento como intérprete. O álbum, gravado pelo Chico Amaral Quarteto, reúne versões instrumentais para sete obras de grandes compositores brasileiros, de Heitor Villa-Lobos a Caetano Veloso, Milton Nascimento e Edu Lobo. “Canções Brasileiras” será disponibilizado inicialmente nas plataformas musicais. O show de lançamento acontece no dia 10 de maio, no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 40 – Funcionários), a partir das 21 horas.
Quarto álbum da carreira de Chico Amaral, “Canções Brasileiras” é um trabalho essencialmente intimista, reflexivo, em consonância com os temas selecionados (“Tarde”, de Milton e Márcio Borges, “Esse Cara”, de Caetano Veloso, “Pra Dizer Adeus”, de Edu Lobo e Torquato Neto e “Medo de Amar”, de Vinicius de Morais), mas também expressivo e vibrante ao adaptar os sambas “Doralice” (Dorival Caymmi) e “Eu Vim da Bahia” (Gilberto Gil). Por sua vez, “Bachianas” (nº 5, de Villa-Lobos) ganha uma impecável versão recheada com ingredientes jazzísticos.
O álbum tem afinidade com uma categoria de discos de jazz com versões instrumentais de músicas originalmente lançadas por cantores e cantoras. “Queria gravar um álbum ao feitio de “Ballads”, de John Coltrane, mas só com músicas brasileiras”, conta Amaral. O álbum foi gravado em apenas dois dias, no estúdio de Alexandre Andrés, em Entre Rios de Minas, no mesmo padrão dessas clássicas gravações de jazz. “Depois, trabalhei mais dois dias, entre ajustes e finalização”, acrescenta.
Segundo o músico, a escolha dos temas para compor “Canções Brasileiras” aconteceu de forma espontânea e natural. “São canções que eu venho tocando há algum tempo, em shows e apresentações especiais. São músicas com as quais me identifico, tenho total familiaridade”, justifica.
O músico faz questão de frisar que “Canções Brasileiras” é um trabalho coletivo, um álbum inteiramente realizado pelo Quarteto Chico Amaral, que reúne o pianista Christiano Caldas, o baixista Enéias Xavier e o baterista Lincoln Cheib, além de Chico ao saxofone e na concepção dos arranjos. Enéias e Lincoln são parceiros de longa data de Chico Amaral, constantes, inclusive, nos três álbuns anteriores do saxofonista, “Singular” (2007), “Província” (2012) e “Plural” (2017). Christiano Caldas faz sua estreia no quarteto. “Depois de muitos anos tocando com guitarristas, queria trabalhar com um pianista. O Christiano surgiu no momento exato: ele é produtor e arranjador meticuloso, além de pianista de grande talento”, afirma.
Considerando as canções escolhidas, Chico Amaral observa que abrangem a bossa nova, a MPB e o samba, lembrando que “Bachianas”, embora erudita, é uma cantata, composta por Heitor Villa-Lobos em 1938, sobre texto de Ruth Valadares Corrêa. “Assim como “Esse Cara”, ela oferece liberdade para improvisação, construção de frases, instiga o instrumentista à ousadia”, afirma. “Tarde” faz parte de seu repertório há muito tempo, mais de 10 anos, desde quando resolveu se dedicar ao repertório do Clube da Esquina.
O repertório é completado com dois sambas. ”Queria dois sambas para dar um calor neste repertório”, conta. “Sempre toquei “Doralice” em shows, e acho que ela faz um ótimo par com “Eu Vim da Bahia”, do Gil”, observa. Nestas, Chico Amaral reconhece a influência de instrumentistas brasileiros como Zimbo Trio, Tamba Trio e Luiz Eça. “Eu passei pela escola do jazz, estudo e ouço até hoje a música de John Coltrane e Charlie Parker, Miles Davis, mas não me considero um jazzista, sou essencialmente um músico brasileiro”, afirma. Neste cenário, ele cita ainda Milton e o Clube da Esquina, Tom Jobim e Pixinguinha, como influências,
As gravações foram dinâmicas, estimulantes e prazerosas, segundo Amaral. “Fizemos os arranjos de forma meticulosa, discutindo compasso por compasso, trabalhando todos os instrumentos; assim a versão fica com a nossa assinatura, sublinhando a nossa maneira de tocar”. O músico destaca ainda o trabalho de transcrever uma canção para a forma instrumental. “A gente toca sempre consciente da letra, o instrumentista vira o cantor, mas acompanhando a intenção, o sentido da letra, pois é ela que conduz a interpretação”, assegura.