EM tempo de Eduardo Machado

O contrabaixista Eduardo Machado pertence à nova safra de músicos que reúne a excelência do jazz e a qualidade da música brasileira. Depois de  se formar em MPB e Jazz pelo Conservatório Carlos Campos de Tatuí, Eduardo tocou e gravou com Diego Figueiredo, Roberto Menescal, Toninho Ferragutti, Michel Leme, Chico Oliveira, Bob Wyatt e Gabriel Grossi, Arthur Maia, Robertinha Silva, Márcio Bahia, entre outros. Eduardo está lançando seu quarto disco e deu uma entrevista exclusiva para o Clube de Jazz.

Wilson Garzon – Você acaba de lançar seu mais novo trabalho: “EM Trio”. Qual foi a ideia central desse projeto? Como escolheu os músicos?
Eduardo Machado – Gosto de gravar trabalhos distintos, com concepções diferentes….Em meu primeiro CD (‘Eduardo Machado’ – 2009) foi praticamente com convidados; meu segundo (‘União’ – 2011), foi um duo de baixo e percussão com Robertinho Silva; meu terceiro (‘Eduardo Machado Quintet’ – 2013), foi gravado ao vivo com meu quinteto durante uma turnê na Suíça. E agora ‘EM Trio’ (abreviação de Eduardo Machado Trio) que é meu primeiro CD nesse formato que é a formação clássica de um grupo de jazz.

Por coincidência esse projeto nasceu em BH, eu tinha um show agendada no Café com Letras e duas semanas antes conheci o baterista Marcio Bahia, ele me disse que estava morando em BH então o convidei para fazer esse show. O pianista é o Gil Reis que já toca comigo há uns 8 anos…. Então o show foi ótimo… “deu a liga” o trio… depois disso comecei a pensar nesse CD…. Passarão uns 2 anos dai fiz um convite oficial para o Marcio para gravarmos um CD e ele topou prontamente.. dai comecei a preparar o repertório.

WG – Qual a diferença desse seu trabalho em relação ao que fez em 2011 com Robertinho Silva?
EM – Este CD que é o ‘União’, é um trabalho mais conceitual. Tive que ter um cuidado especial por se tratar apenas de baixo e percussão. Procurei compor músicas e fazer arranjos onde eu pudesse fazer a melodia junto com a harmonia no baixo. Isso fica bem evidente nas faixas Três Princesas e Só sei que foi assim onde o baixo faz tudo isso sozinho. Essa formação propiciou uma liberdade muito grande onde pudemos explorar novos timbres, ruídos sonoros e experimentar coisas novas.

WG – Das nove composições do repertório, seis são de sua autoria. Conte-nos um pouco sobre o conceito de cada uma delas.
EM – A faixa que abre o CD é uma composição minha que se chama Samba Lá, é um samba partido alto que é uma onda um pouco mais “funkeada” onde procuramos explorar bem o ritmo e ficou bem “suingada”.
A segunda é Choro Bagual que é uma composição do Alegre Corrêa, fiz um arranjo onde o baixo faz a melodia na primeira parte da música que não é uma coisa muito usual.. e ainda contou com um super solo do Marcio Bahia no final do tema.
A terceira é uma composição do Filó Machado, Baião do Porão, que gosto muito, sempre toco essa música em meus shows e resolvi colocar neste CD.
A quarta é uma composição minha que se chama Valsa de Carnaval… sei que no carnaval não tem valsa mas essa música compus durante o carnaval, por isso o nome.
A quinta faixa é um bossa nova que fiz em homenagem a cidade de Viçosa (MG) onde faço faço a melodia utilizando um baixo sem trastes (fretless).
A sexta faixa é uma composição do baixista Ronaldo Sagioratto que se chama Quinta do Pontal que é uma onda bem gaúcha onde o tem um lindo solo de piano de Gil Reis e um magnífico solo de bateria do Marcio.
A sétima música, Dançando na chuva, é mais uma composição minha onde procurei fazer um groove improvisado no início da música; depois que começa a melodia já vai para o final que é exatamente ao contrario do normal.
Na oitava faixa, Minas,  é uma homenagem que fiz a esse estado maravilhoso que tem uma única que é o estado de Minas Gerais. Nela pensei em usar uma forma de compasso bem comum na música mineira que é o 6/8.
E pra finalizar, a nona música é uma composição minha meio “hermetiana” que a música Risoto de Galo. É uma maracatu, usei na melodia dessa música usei uma escala que a Tons Inteiros que cria uma atmosfera que lembra bem o nordeste do Brasil.

WG – Como está sendo a divulgação do CD? E em relação à repercussão junto à crítica?
EM – É um trabalho totalmente independente, mas está sendo distribuído pela CD Baby que faz a distribuição física e online (itunes etc..) e também está no Spotify e Deezer. O CD está tendo uma aceitação excelente tanto pela crítica especializada quando do público em geral.

WG – O que está projetando para os próximos anos?
EM – Estou finalizando o CD ‘União II’ que é uma parceria minha com Robertinho Silva, só que nesse segundo trabalho vamos ter vários convidados especiais com Sizão Machado, Victor Biglione, Gabriel Grossi, Diego Figueiredo, Chico Oliveira, Alegre Corrêa, Ivinho Lopes e Nay Carvalho. Este CD deve ficar pronto ainda nesse ano.
Também tenho um outro projeto que devo iniciar as gravações no início de 2017 que é um CD numa onda mais groove… fugindo um pouco do que tenho feito até então… sem medo de experimentar e ousar… Já compus mais da metade das músicas e logo devo começar a trabalhar em cima do arranjos.

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