É com imensa satisfação que apresento aos jazz´filos de plantão e curiosos da grande música instrumental uma das maiores revelações do trombone brasileiro. Criado e forjado nas capixabas terras de Cachoeira do Itapemirim, Joabe Reis aprimorou sua arte em paulistanas terras e em combos como o Brasilidade Geral e tem três álbuns lançados, com Ivan Lins, Rosa Passos, Bob Mintzer e Hamilton de Holanda. Nesse ano, Joabe nos apresenta seu primeiro cd autoral “Crew in Curch” e nessa entrevista nos cona como foi todo esse processo.
Wilson Garzon – Você já nasceu dentro de uma família ou meio musical? O trombone foi a sua primeira escolha?
Joabe Reis –Meus pais sempre cantaram no coral da igreja e sempre ouviram discos diversos em casa, mas a minha referência foi um dos meus tios que era trombonista. Por necessidade da banda de música da igreja na época, eu iniciei tocando Sax-Horn, meses depois fui para o Bombardino e só após 1 ano fui parar no trombone.
WG – Quais foram suas principais influências como músico e instrumentista? Quando se deu a sua formação na Souza Lima?
JR –Aos 13 anos eu ganhei o CD Trombone Master do trombonista J.J. Johnson, de um amigo trompetista em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Nessa mesma época conheci a banda Earth Wind and Fire, Tower of Power, Raul de Souza, Vittor Santos e outras bandas e artistas que me influenciaram. Estudei na Faculdade de Música Souza Lima entre 2013-2017, que foi a responsável pela decisão de sair da banda do exército e vir para São Paulo.
WG – Na estrada, que grupos e bandas você participou e foram decisivos na sua trajetória?
JR –Em 2010 eu formei o grupo Brasilidade Geral, juntamente com meus amigos em Vitória, onde realizamos trabalhos em parceria com nomes como: Roberto Menescal, Bob Mintzer, Ivan Lins, Hamilton de Holanda, Rosa Passos, Chico Pinheiro, entre outros, o qual, considero o trabalho de maior importância para a minha carreira até hoje. Acompanhei artistas e bandas como: Iza, Banda Black Rio, Hermeto Pascoal, Arthur Maia, Anitta, Jorge Vercillo, Tiago Iorc, Silva, Alcione, Toninho Horta, Xênia França, Zizi Possi e muitos outros.
WG – Quando surgiu o projeto Crew in Church? O conceito já existia desde o começo ou foi ganhando força aos poucos?
JR –Crew in Church é nome de uma composição minha de 2019, que deu nome ao álbum. Essa composição expressa a minha formação musical na igreja evangélica e a minha influência e envolvimento com o hip-hop na adolescência. Desde que comecei a produzir o meu CD, sabia que a onda do disco seria essa música urbana/jazzística.
WG – O repertório é composto por nove obras, todas de sua autoria? Conte-nos um pouco sobre o processo de concepção de cada uma delas.
JR –O álbum conta com seis composições minhas. Uma composição do trombonista Rafael Rocha, feita pra mim em 2017 (Tema Pro Joabe), que sempre quis gravar e resolvi incluir no repertório do disco. Uma outra composição do trompetista Bruno Santos (Segundo Reis), escrita exclusivamente para o meu disco, e a última faixa (In Pursuit of U) do tecladista/produtor Kiefer, que já fazia parte do repertório do meu projeto desde o início e resolvi regravar no meu CD também.
As minhas composições tem uma alta influência do hip-hop e da música afro-brasileira. Essas duas vertentes estão bem presentes nas minhas audições e buscas diárias, assim como em todas as músicas do álbum.
WG – O sexteto que participa da gravação do CD, ele está contigo há quanto tempo? Houve participações especiais?
JR –O meu sexteto titular é formado por: Sidmar Vieira (trompete), Josué Lopez (sax), Vítor Cabral (bateria), Felipe Pizzutiello (contrabaixo) e Leandro Cabral (teclado), que são amigos que conheço há pelo menos 7 anos, realizando diversos trabalhos em São Paulo e há pelo menos 3 anos como meu sexteto. O meu disco reuniu 32 músicos e alguns dos principais nomes da nova geração da música instrumental brasileira. Tive o grande prazer de ter como convidado especial, o trombonista da Lincoln Center Orchestra, Elliot Mason e também os brasileiros, que além de ter a honra de tocarmos juntos, são referências para mim: Toninho Horta e o maestro Nelson Ayres.
Todos os músicos que fizeram parte do disco, foram pensados especificamente para cada faixa pelo estilo/gênero e forma de tocar, nesse sentido, posso dizer que estou 100% satisfeito com o resultado e esse time contou com os nomes: Robinho Tavares, Dudinha Lima, Junior Braguinha, Alberto Continentino, Dedê Silva, Tuto Ferraz, Cleverson Silva, Agenor de Lorenzi, Herbert Medeiros, Alex Corrêa, Sérgio Assunssão, Stanley Wagner, Diego Garbin, Paulo Jordão, Jessé Sadoc, Altair Martins, Bruno Santos, Marcelo Martins, Danilo Sinna, Henrique Band, Ricardo Braga, Dj Tubarão , Kivitz.
WG – O processo de gravação, edição e mixagem foi tranquilo? Quanto tempo levou?
JR –Gravamos nos dias 4 e 5 de novembro com os músicos de São Paulo. No dia 11 de dezembro a terceira sessão no RJ, com os músicos cariocas e em janeiro finalizei algumas participações. Em fevereiro iniciei com Tuto Ferraz o processo de edição e depois o Tuto mixou e masterizou o CD, e lancei em maio. Foi um processo de 7 meses, para produção, realização e finalização do CD.
WG – Que estratégia você está pensando em relação à divulgação do Crew in the Church?
JR –A gente vem buscando por diversos canais de mídia fazer com que esse trabalho chegue ao maior número de pessoas que apreciam uma boa música instrumental independente. Tenho utilizado principalmente as redes sociais e as próprias plataformas digitais para aumentar o alcance de público. Além disso, nos próximos meses, lançarei meu primeiro clipe oficial.
Esse trabalho foi produzido com muito carinho e reuniu músicos de altíssimo nível. Fiquei feliz com o resultado e feliz por ter chegado em tantas pessoas pelo mundo a fora.