Lupa Santiago apresenta “Ubuntu”, seu mais recente trabalho
Lupa Santiago, é um dos mais profícuos e criativos jazzistas dentro do cenário nacional. Ele já tem 17 cd’s lançados como líder em seus grupos (5teto com Rodrigo Ursaia, Regra de Três, Lupa Santiago Sexteto, Sinequanon, Duo com Paulo Braga), sendo que o primeiro recebeu indicações para o Grammy Latino, além de participação em cd´s de outros artistas. Além do mais, é Coordenador Pedagógico e Vice Diretor da Faculdade Souza Lima/SP, e autor de três livros (Improvisação Moderna I, Play Along de Métricas Impares e Dicionário de Acordes e Condução de Vozes) lançadas no Brasil (Editora Souza Lima) e na Europa, Ásia e EUA (Advance Music). Nessa entrevista ele nos conta o processo de produção e criação de seu último cd, Ubuntu, feito em parceria com o trombonista Ed Neumeister.
Wilson Garzon – Como foi o encontro com Ed Neumeister? Como se deu a ideia de gravar?
Lupa Santiago – Conheci o Ed em Graz, Áustria num Festival, conversamos um pouco, já conhecia e admirava o trabalho dele solo e com a Mel Lewis Jazz Orquestra. Temos um amigo em comum, Karlheinz Miklin, grande saxofonista austríaco, com quem já toquei no Brasil, Argentina e Letonia. Quando Ed pensou em vir para o Brasil fazer algumas apresentações, Karlheinz fez o “meio de campo” e começamos a trocar emails.
Em pouco tempo tínhamos já agendado uma semana completa de shows todas noites. Quando vi a agenda cheia e ambos empolgados trocando composições por email, achei que era ideal gravar, pois no término desta semana a banda estaria prontíssima, e foi o que aconteceu!! A conexão entre os músicos, e de todos com o repertorio foi imensa, o cd aconteceu fácil, em duas tardes.
WG – O espírito do Ubuntu “sou o que sou pelo que nós somos” já estava presente antes da gravação ou ele foi sendo desenvolvido durante esse processo?
LS – Ubuntu é esta expressão que aprendi quando fui tocar na Africa do Sul em 2014, lugar fantástico que recomendo a todos ir, e pretendo voltar. Este é, dos meus cds, o que tem menos composições minhas, apenas duas; as outras são do Ed e uma do Leandro Cabral.
Houve uma entrega grande ao som, por parte de todos músicos, e com estas ideias em mente achei que, como você mesmo disse, o Ubuntu estava presente o tempo todo. Um privilégio ter esta banda: Ed Neumeister trombone, Leandro Cabral piano, Bruno Migotto baixo e Alex Buck bateria.
WG – Conte-nos um pouco sobre as suas composições: ‘Probably Maybe’ e ‘Enfim Sus’.
LS – Foram músicas novíssimas, feitas para este grupo. As composições do Ed me influenciaram bastante e definitivamente me levaram em outros caminhos, explorando idéias melódicas de forma mais longa, e seguindo no Jazz contemporâneo. Os títulos são duas brincadeiras:
Probably Maybe (provavelmente talvez) foi um comentário de um grande saxofonista finlandês Jari Perkiomaki durante uma turnê minha na Escandinávia, achei que era tão nonsense que valia uma música.
Enfim Sus, brincadeira com a expressão “enfim sós”, mas numa composição que tem bastante acorde Sus, eu realmente acho difícil dar títulos em músicas, normalmente vou para o humor.
WG – Qual foi o upgrade no som do grupo dado pelo Sound Finger?
LS – Sound Finger é o selo de música instrumental mais ativo em SP atualmente, dirigido pelo Paulo Aredes, músico e produtor, consegue compreender e contribuir muito com o artista. Paulo é um cara atualizado, conhecedor de vários gêneros musicais e preocupado com o som instrumental. Lancei três cds com ele em dois anos e pretendo continuar, o estúdio Sound Finger é um dos melhores do Brasil e técnicos de som também, nos meus cds foi Bernardo Goys, um craque!
WG – Já está em temporada de lançamento? E a repercussão crítica?
LS – Estou começando agora, pois lancei quatro cds em 2015, (Paris São Paulo II, Lisbon Sessions, Manhã e Chamado) sendo três deles no segundo semestre vou com calma com o Ubuntu, que lancei agora em 17 de maio para não encobrir os outros, que ainda estamos fazendo muitos shows, vendendo bem e continuam recebendo críticas. Mas para o segundo semestre devemos começar a tocar bastante este cd. Mal posso esperar para fazer som com esta moçada.