‘Sambalanço’, no ritmo de documentário
A intelectualização da bossa-nova cobrou um preço histórico ao existir, para muitos historiadores, com total protagonismo naquele lastro mais concentrado entre 1959 e 1964, a chamada primeira fase. Mas aos poucos, como arqueólogos em busca dos fragmentos de cidades perdidas, projetos e revisitações trazem o que também existiu no mesmo período, embora longe da superfície mostrada pelos jornais e louvada pelos próprios artistas.
PESQUISA
Seus clássicos, talvez pagando o preço por serem erguidos sobre dois ou três acordes “quadrados”, não passaram por festivais da canção nem foram alimentados por regravações. Estão ainda datados e seguem quase na condição de material de pesquisa.
HISTÓRIA
Djalma, é preciso fazer justiça, segue à espera de sua própria descoberta biográfica. Esse homem aprendeu piano e violino na Itália, andou pelas boates do Rio em companhia de Noel Rosa, fez história pelos cassinos cariocas, inaugurou boates no Peru e na Bolívia, tornou-se o primeiro músico brasileiro a possuir uma gravadora e partiu para a carreira em Las Vegas. Mas sua vida, ainda por causa dos apagamentos de muitos em razão da luminosidade de poucos, segue sob os escombros.
Mais à frente, Eumir Deodato, de 77 anos, vai resumir sem querer aquilo que parece ter se tornado o elemento mais importante aos músicos que se banharam nesse rio. Depois da “experiência sambalanço”, ele produziu grupos como o americano Kool and the Gang graças à dimensão do conceito da dança no ato da composição. “Produzi ‘Celebration’, do Kool and the Gang, por influência do Ed Lincoln. Ele me deu a noção da dança, algo que é o mais importante para um músico”, afirma Deodato.
SAMBALANÇO, A BOSSA QUE DANÇA