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A inovadora música de Salomão Soares

Essa década está sendo bastante fértil em revelar inovadores e criativos pianistas dentro da cena instrumental brasileira. Entre eles se destaca o paraibano, agora residindo em terras paulistanas, Salomão Soares. Depois de lançar um cd em duo com o acordeonista Toninho Ferragutti, Salomão acaba de colocar no mercado pela Blaxtream, “Alegria de Matuto”. Nessa entrevista, ele nos conta de tudo, um pouco e também sobre seus projetos.

 

Salomão Soares, só, com Carol Panesi e com Toninho Ferragutti.

Wilson Garzon – Nascido no interior da Paraíba dentro de uma família musical, você tocou de tudo um pouco? A sanfona veio antes do piano?
Salomão Soares – Eu tive um primeiro contato dedilhando um pouco o violão, que minha mãe sempre gostou de tocar em casa. Mas logo em seguida ganhei um teclado, que rapidamente me veio a paixão por ele. A sanfona eu só comecei a tocar muito depois, eu já estava morando em São Paulo.

WG – Quando você mudou para São Paulo? Que músicos/escolas foram decisivas para a sua consolidação como instrumentista? Quanto começou a se apresentar pelos jazzclubs de sampa?
SS – Eu cheguei em São Paulo pra morar mais precisamente em 2011. Eu já carregava comigo essa vertente da música instrumental brasileira, mas que acabei desenvolvendo mais a fundo em São Paulo. Eu acho que tudo que toquei ainda na Paraíba contribuiu muito para a música que faço hoje. Por volta de 2015 eu estudei em João Pessoa com Helinho Medeiros, que foi muito importante pra mim. Em 2011 ingressei no conservatório de Tatuí, onde estudei com André Marques (pianista do Hermeto Pascoal), onde tive uma experiência mais direta com a Música Universal (nomenclatura usada pelo Hermeto). Em Tatuí também tive aulas com Fabio Leal, a quem devo muito. As apresentações nos clubes de jazz de São Paulo, começaram por volta de 2013.

WG – A sua atividade como compositor começou desde cedo? Tem como matriz as suas raízes culturais?
SS – Eu comecei compor cedo, mas não levava muito a sério. Depois que fui pra São Paulo, que comecei a me dedicar de verdade pra composição.

WG – Como se deu o encontro com Toninho Ferragutti? Daí para a gravação do cd do Duo foi um pulo? Como foi feita a seleção do repertório?
SS – Eu conheci o Toninho pessoalmente na gravação do disco Catabi, do Guegué Medeiros, onde eu tive a felicidade de assinar a maioria dos arranjos. Logo em seguida eu iria fazer um concerto de piano solo, e tive a ideia de convidar o Toninho pra tocar uma música comigo. A interação foi tão boa, que no dia seguinte o Toninho me convidou pra gravarmos um disco de duo. Ai agendamos um estúdio, e levamos várias músicas pra irmos tocando e já escolhendo o repertório. Levantamos o disco praticamente no estúdio mesmo.

WG – Esse ano você está lançando “Alegria de Matuto” seu primeiro disco solo. Ele já estava pensado há muito tempo? Como se deu o processo de gravação com o selo Blaxtream?
SS – Eu sempre quis fazer um disco meu, mas ainda não tinha pressa. Daí comecei a desenvolver esse trabalho com o quarteto, e recebi através do Thiago Monteiro  e da Thalita Magalhães o convite de gravar e lançar pelo selo Blaxtream. Foi muito bacana essa experiência, passamos dois dias lá em Ribeirão Preto gravando esse disco.

WG – Quantas formações você utilizou no CD? Que músicas já estavam prontas? Quais foram compostas para esse CD? Houve convidados especiais?
SS – A formação do disco é toda de quarteto: eu, Rodrigo ‘Digão’ Braz (bateria), Diego Garbin (trompete) e Felipe Brisola (contrabaixo). Houve também três participações especiais: Hermeto Pascoal, Tatiana Parra e Carol Panesi. A maior parte do repertório já estava pronta, e a última música do disco, que se chama “Tudo de Novo” que eu fiz especialmente para a gravação.

WG – Como está sendo programada a divulgação de “Alegria de Matuto“? Haverá presenças em shows e festivais?
SS – Fizemos dois shows de lançamento em junho, no Sesc Ribeirão Preto e no Jazz nos Fundos (SP). E ainda teremos sim mais lançamentos aqui em São Paulo que ainda estamos confirmando as datas.

WG – Quais serão seus próximos projetos? Está pensando em uma carreira internacional?
SS – Esse ano ainda irei gravar um outro projeto que esta pronto, que é o meu trabalho de trio, com Paulo Almeida  (bateria) e Thiago Alves (baixo). Fizemos agora no mês de agosto uma tour no festival Sesc Jazz, pelo estado de São Paulo. Em junho eu fiz uma tour de uma semana na Argentina e agora em outubro irei para Portugal, para minha primeira tour na Europa, e farei três shows com o trio.

 

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