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As muitas artes de Carol Panesi

 

Desde que trabalho com o jazz ( e lá se vão 30 anos), sempre tive uma atenção e carinho para com as instrumentistas. Pelo Clube de Jazz já passaram Lea Freire, Marília Giller, Louise Wooley e Luisa Mitre, entre outras tantas artistas talentosas. Desde que ‘descobri’ Carol Panesi, sempre acompanhei o seu desenvolvimento pelas redes e cds. Agora, que acabou de lançar “Primeiras Impressões”, onde desabrochou o seu lado de compositora, nada mais merecido e oportuno que conhecer um pouco da sua história e trajetória musicais.

 

Carol Panesi, só e com Hermeto (Foto: Luan Cardoso, Alex Ribeiro, Yussef Kalume e Nadja Kouchi).

Wilson Garzon – Nascida dentro de uma família musical e escolhendo o piano, quando tempo demorou para abraçar o violino?

Carol Panesi – Eu comecei estudando piano e fazia violino como instrumento complementar, no Conservatório Brasileiro de Música. Abracei mesmo o violino quando entrei pra Itiberê Orquestra Família. Isso foi 7 anos depois de começar a estudar música.

WG – Você já era um pouco ‘hermetiana‘ quando entrou para a Itiberê Orquestra Família? Aprendeu a tocar o trompete e que outros instrumentos na IOF?

CP – Desde que eu comecei a estudar música eu tinha uma concepção diferente. Gostava de compor, de experimentar…Quando entrei pra oficina do Itiberê eu me identifiquei totalmente com a linguagem da música Universal. Digamos que lá eu encontrei minha turma e pude me aprofundar nessa concepção ‘hermetiana‘ . Na IOF eu aprendi harmonia e pude desenvolver o trompete. Foi muito rica também a convivência com tantos instrumentistas diversificados.

WG – Carol Panesi e Grupo‘ foi criado para gravar “Primeiras Impressões” ou um grupo já estava pronto? Como conheceu os integrantes do Grupo?

CP – Eu formei o Carol Panesi e Grupo pra tocar minhas composições e arranjos. Depois de 13 anos trabalhando com Itiberê, eu já tinha bastante música guardada e estava ansiosa para tocá-las com um grupo. Eu já tinha um duo na época com o pianista Salomão Soares, e foi bem quando me mudei pra SP.
Fui morar no mesmo prédio de Salomão e Guegué Medeiros (baterista). A proximidade nos proporcionou ensaios semanais, até que senti muita necessidade de ter um baixo no grupo.
Aí Salomão me indicou o Jackson Silva que entrou perfeitamente no projeto. Após um ano de ensaios e shows me senti preparada pra registrar minhas “Primeiras Impressões“.

WG – Primeiras Impressões” tem um conceito próprio ou foi uma reunião de tuas músicas autorais?

CP – O conceito do disco foi justamente reunir composições desde a primeira música que fiz na linguagem da música Universal (Abrindo Caminhos) até as mais recentes. Escolhi as músicas que pudessem mais representar minhas “Primeiras Impressões” pro mundo, como impressão digital, misturada com o conceito impressionista, com cores e pinceladas poéticas…

WG – Que ritmos brasileiros você prioriza dentro desse trabalho? E quanto às participações especiais? Haverá um “Segundas Impressões“?

CP – O disco é bem universal, diversificado. Tem forró, frevo, samba, choro, balada…
As participações foram muito especiais para mim! Foi mágico ter o Hermeto, meu grande ídolo, participando de 4 faixas.
Contar com a fantástica Léa Freire participando na música que eu fiz em sua homenagem foi também um presente.
Também contei com meu quarteto de cordas, o Quarteto Iapó, em 4 faixas.
Já estou preparando o segundo disco autoral, e nos últimos shows já tenho mesclado o repertório.

WG – Como está sendo a repercussão na crítica e na mídia?

CP – Acho que a música instrumental no geral tem pouco espaço na mídia.
Eu gravei o programa Fique Ligado da TV Brasil. Tem sido legal a repercussão na crítica… 2019 o disco saiu na lista dos melhores álbuns pelo grande crítico e jornalista Carlos Calado.
Tenho gravado também programas de rádio bem interessantes como Rádio USP, Rádio Cultura,Rádio Brasil Mulher

WG – Você participa de três projetos musicais: Quarteto Iapó, Roda Romani e mais recentemente Coletivo de Cordas Populares. Pretende gravar cds com todos eles? Como convive com tantos projetos ao mesmo tempo? Um para cada estação do ano?

CP – Além desses projetos, mais recentemente ainda eu formei um duo com o grande bandolinista gaúcho Pedro Franco, e gravação está nos nossos planos.
Eu sou geminiana..,rsss, preciso estar em projetos diversificados…
É um pouco difícil conciliar tudo ao mesmo tempo, por exemplo o Roda Romani está um pouco parado agora. Adoraria gravar com o Iapó! Temos um programa na web chamado Entrelaço Sonoro, onde gravamos vídeos com convidados diversificados.
Temos muitos planos pro Coletivo de Violinos pra esse ano, quem sabe sai um disco também!

WG – Como está o seu lado didata: de gerenciar oficinas de músicas e cursos on-line? Também se dedica a workshops e aulas particulares?

CP – Em 2018 eu dei algumas oficinas e workshops (Uruguai, Cariri, Ibiapaba, Ourinhos, UFRN...).
Gosto muito desse formato, quero me dedicar mais a isso! Também lancei meu curso online e 2019 quero aprofundá-lo. Dou poucas aulas particulares…

WG – O que pretende realizar para o ano que vem? Há novidades?

CP – Sim, muitas novidades! Pretendo gravar discos e viajar bastante. Vou lançar um curso online mais completo.
Já comecei 2019 inaugurando uma playlist no meu canal do youtube de DICAS MUSICAIS, onde pretendo compartilhar bastante conhecimento de forma gratuita. Tem muita coisa boa pra acontecer!