Alaíde Costa lança ‘Harmonias que soam e ressoam’
“É como diz aquele ditado: Deus tarda, mas não falha. Agora, aos 87 anos, as coisas estão acontecendo.” A frase da cantora Alaíde Costa expressa o momento de intensa produção e visibilidade em sua longa – e nem sempre valorizada – trajetória. Ela está em Belo Horizonte para participar do pré-lançamento de seu novo álbum, “Harmonias que soam e ressoam”, nesta quarta-feira (21/12), na loja Acústica CDs.
Empolgado, o produtor propôs à cantora outro projeto. Com roupagem jazzística, sem bateria ou percussão, traria temas que Alaíde ainda não havia gravado – embora cantasse alguns deles em shows.
O processo teve início logo após o lançamento de “Alegria é guardada em cofres, catedrais”, mas, por motivos diversos, veio se estendendo ao longo dos últimos anos. Foi convocado o maestro, compositor, pianista e arranjador Gilson Peranzettapara fazer boa parte dos arranjos, acompanhado do trompetista José Arimatéae do baixista Rodrigo Villas. A esse time se somaram Toninho Horta e o violonista Gabriel de Aquino.
“Nessa faixa entrou o violão do Gabriel de Aquino, com o José Arimatéa e o Rodrigo Vilas. Ficou bem diferente”, garante Alaíde. “Harmonias que soam e ressoam” é o quarto trabalho dela e de Peranzzetta. A faixa-título, a propósito, foi composta por ele com Nelson Valência especialmente para o álbum.
Gosto pelo risco
Vários artistas enviaram canções para este disco – Erasmo Carlos, Ivan Lins, João Bosco, Joyce, Céu, Nando Reis, Fátima Guedes, Guilherme Arantes e Tim Bernardes. Com isso, há material para o segundo álbum.
“Emicida está com melodias de vários compositores para colocar letra. Tem músicas do Guinga, do Francis Hime, do Marcos Valle, do João Donato e do próprio Gilson (Peranzzetta)”, aponta Alaíde, destacando que o recrutamento para a composição de temas especialmente para sua voz foi ideia de Emicida, nome de ponta do rap nacional.
Esse episódio, ocorrido em 1965, lhe abriu caminhos. Outro momento marcante foi a participação – na condição de única voz feminina – do álbum “Clube da Esquina”, de 1972. “Guardo ótimas lembranças”, diz ela. “Quando conheci a turma, era uma garotada, tudo menino na época, fazendo música moderna, diferente. Fiquei muito surpresa e muito grata por ter participado.” Alaíde destaca um detalhe importante: gravou “Me deixa em paz” (Monsueto Menezes e Airton Amorim), a única canção do álbum duplo que não foi composta pelos “sócios” do Clube.