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Arthur Maia encerra a exposição de Dan Mendonça em Vitória

O renomado contrabaixista Arthur Maia se apresenta nesse sábado (12/05), em Vitória, no Teatro do Sesi como músico convidado da Orquestra Camerata Sesi sob a regência do maestro Leonardo David. Esse evento faz parte do encerramento da exposição “Dan Mendonça – Música“. Dan, além da sua carreira como médico, se tornou um ousado e criativo escultor e luthier e nos últimos anos dedica-se ao Festival Internacional de Jazz e Bossa de Santa Teresa – Santa Jazz, como curador. E é da sua lavra esse esclarecedor texto sobre  Arthur Maia, que está reproduzido, abaixo.

 

A Música de Arhur Maia, uma viagem sonora

Dan Mendonça, Arthur Maia, Leonardo David e Camerata Sesi.

A trajetória deste carioca nascido em 1963, inicia- se musicalmente tocando bateria aos 4 anos de idade e baixo elétrico a partir dos 14, informação incluída em seu disco de 1996 – Arthur Maia. A primeira música – Sonora, já pode ser considerada uma profissão de fé, traz a narrativa ao fundo, desta iniciação, na voz da avó orgulhosa e emocionada. Ela traz um conceito que permeará toda a trajetória musical deste grande artista, a “música sonora“!

Uma coisa equilibrada em ritmo perfeito, mistura de todas influências musicais desse tremendo alquimista, com elementos do samba-jazz, bossa, blues, e momentos de baião, salsa e fusion. Suas harmonias o fazem um acompanhante perfeito a outros grandes artistas brasileiros e internacionais, no campo instrumental e no apoio ao canto, em gravações fantásticas que enchem nossos ouvidos, dispara a adrenalina e mil endorfinas no nosso coração, (ouço agora Arthur e Dominguinhos no momento que escrevo estas linhas / Youtube – Lamento Sertanejo).

O compositor e arranjador Arthur Maia é um caso a parte, fosse um bandido só faria crimes perfeitos. A sonoridade desse cara baseia se em seu fundamental conhecimento das técnicas de bateria e baixo, recheados por melodias fluidas, alegres sempre, com alguma pitada de saudade e melancolia, notas escritas com firmeza e destino certo, atingir corações via tímpanos.

Não balançar ao som destas músicas é declarar se surdo!  Mas a grande sacada do cara é sempre permitir aos músicos que com ele dividem um palco, ou gravações, solos memoráveis aos quais incentiva, adicionando elementos harmônicos preciosos [como um joalheiro faria a uma bela mulher], essa veia é a linha mestra da concepção jazzística, condutora de cada música de sua autoria, ou arranjo.

A experiência pessoal de ver numa aula em workshop, Arthur interagindo com jovens músicos, sentando à bateria e tocando, ou regendo outros instrumentos, conduzindo ritmos, cantando coisas que parece tirar do fundo da alma, é muito gratificante. Ele tem o prazer de ensinar e aprender junto, em ensaios mostra toda a técnica de um produtor musical dedicado, dono de estúdio.

É um cara que aproveita todas as experiências ao lado de outros grandes artistas, para aprender e se refinar, ensinar e lapidar composições novas, com simplicidade surpreendente alternada a momentos de sofisticação extrema que lembram Moacir Santos em seus arranjos para naipes de metais, muito presentes no último cd: “O tempo e a música”.

Um passeio pela Wikkipédia, sites de música e youtube, vai mostrar o potencial criativo e catalisador deste grande brasileiro. Numa infinidade de grandes participações e gravações próprias, inúmeros vídeos… resumindo, o cara bebeu samba com Luís Melodia, pop com Ivan Lins, suingue e brasilidade com Gil, lirismo com Milton e adicionou mil outros temperinhos deliciosos a cada um que tocou.

Mas nada se compara à experiência ao vivo, sempre disposto a incendiar o ritmo, harmonizar e envolver melodicamente um público que balança e participa dos vocais, um duende ao baixo – seu caldeirão, cheio de sons novos para dividir conosco. Sempre um espetáculo com gosto de quero mais, “Viva o sonho que a música te dá, seja samba, rock, hip hop ou jazz, caminhos estilos muita coisa vai mudar, se é bom ouvir, imagina tocar! , pegue os acordes que voam pelo ar, imagina um blues e você vê o mar,  o ritmo  que excita, a vida precisa, se é bom ouvir, imagina tocar” . Verso de uma composição de Arthur – Grooveland, que bem revela o espírito da coisa. São shows inesquecíveis.