Duo Taufic + Paula Santoro = Clube da Esquina

maio 14, 2019 Wilson Garzon

Desde que iniciei meus trabalhos no site, sempre tive o interesse em disseminar a música instrumental brasileira que se fazia em todo o Brasil. E o meu contato inicial no Rio Grande do Norte, foi o pianista Eduardo Taufic, ao divulgar o seu primeiro cd solo. Na sequência, passei a fazer o mesmo com os trabalhos do Duo Taufic, que conta com a presença do virtuoso violonista Roberto Taufic, em obras como “Bate Rebate” ‘D’anima”. Ano passado, o Duo se juntou ao talento da cantora mineira para produzir uma obra irretocável: “Tudo será como antes”. Agora, em plena turnê, Eduardo abriu um espaço na sua agenda para que possamos conversar sobre esse relevante trabalho realizado sobre o Clube da Esquina.

Wilson Garzon – O projeto sobre o Clube da Esquina já era antigo? Como Paula Santoro entrou na história ou o projeto nasceu com vocês três?
Eduardo Taufic – A Paula Santoro fez um projeto chamado Novas Esquinas no CCBB Rio em 2012, comemorando os 40 anos de lançamento do álbum Clube da Esquina. Na ocasião, convidou um artista do Clube e um da nova geração de Minas (a cada show) para integrar o projeto. Do Clube, Lô Borges, Flávio Venturini, Toninho Horta, Tavinho Moura e Nelson Angelo participaram. Não havia verba e agenda para chamar todos.

Desde então, Paula criou um desejo de registrar em CD essas maravilhosas canções. O tempo passou e Paula viu o Duo Taufic tocando em Jericoacoara no Festival Choro Jazz. Ricardo Silveira – que também estava lá – incentivou a parceria. Depois disso, Paula entrou em contato comigo pelo Facebook e começamos uma amizade e conversamos sobre a real possibilidade de gravarmos um CD juntos. O tema foi resolvido por unanimidade. Tinha que ser o Clube da Esquina! Como Paula tem uma irmã, bióloga, que ministra aulas na UFRN, e reside em Natal, Paula passou a frequentar a cidade e, finalmente, conheceu o Duo pessoalmente, em dezembro de 2017, quando se iniciou o esboço do CD, no meu estúdio (de Eduardo). Resumindo, Paula fez o contato inicial e a ponte e os três decidiram o conceito juntos.

WG – O conceito a princípio era só sobre os dois discos duplos ou já era sobre o período final dos 60 e a década de 70?
ET – A princípio, não houve uma preocupação em fazer um recorte de tempo, nem de registrar somente canções dos seminais álbuns: Clube da Esquina e Clube da Esquina 2. O objetivo era registrar as canções do Clube da Esquina que emocionavam os três. Assim, os compositores que criam mais canções do que temas instrumentais foram os registrados. Por exemplo, o Wagner Tiso que é um personagem fundamental dessa história, não entrou. Mas, é claro que ele também é homenageado pois foi o grande arranjador do Clube, além de ser um grande compositor (mais de temas instrumentais do que canções).

WG – Creio que a escolha das músicas foi a parte mais difícil, dado a riqueza do material que vcs tinham nas mãos. Como chegaram a apenas 13? Deve haver material para um segundo cd…
ET – Realmente, foi muito difícil! Foi uma decisão dos três. Mas, algumas vezes, tinha que se abrir mão de gravar algo que se queria muito pois só havia verba e tempo para gravar 13 músicas e essas escolhas não foram todas unânimes, já que cada um se emociona mais com uma canção do que outra. O álbum foi gravado em 2 dias! 6 músicas no primeiro dia e 7 músicas no segundo. Com certeza, há material para muitos CDs e só pérolas!!

WG – As gravações e a edição e mixagem foram feitas aqui no Brasil? O processo todo foi demorado?
ET – As gravações foram feitas no Rio de Janeiro no Estúdio Visom Digital, um dos melhores estúdios do Rio, onde se tem a possibilidade de gravar cada um em ambientes separados e assim, ao mesmo tempo – live. Ou seja, é um CD gravado em estúdio mas com uma concepção AO VIVO para não perder a espontaneidade e a emoção de estarmos criando juntos, em tempo real, a sonoridade e as cores do álbum. O álbum foi gravado em 2 dias! 6 músicas no primeiro dia e 7 músicas no segundo.

WG – A escolha da sequência das músicas foi feita por vcs 3? E quanto aos arranjos?
ET – Sim. Os três discutindo a ordem das músicas, o equilíbrio do repertório, pela internet: email, celular ou whatsapp. Viva a tecnologia, já que Paula vive no Rio, Roberto na Itália e eu em Natal. Os arranjos foram feitos pelo Duo Taufic – eu e Roberto.

WG – Como o cd foi lançado ano passado, como tem sido a divulgação do trabalho? E essa atual turnê está abrangendo quantas cidade?
ET – O cd foi prensado no final de 2018, de forma independente, na Itália. O primeiro show de lançamento foi em Natal em novembro do ano passado, já que nós três estávamos em Natal nesse período. Esse show de Natal propiciou o primeiro registro oficial do lançamento do CD. Mas, de fato, só agora, em maio, é que conseguimos reunir uma agenda de shows em sequência e assim, enviamos o material para jornalistas, rádios, etc. Tudo ainda de forma independente. Adoraríamos ter o apoio de uma gravadora na distribuição e divulgação. Vale ressaltar que o álbum foi lançado também no Japão, no início de 2019, pela Inpartmaint. Há também uma possibilidade de fazermos uma turnê no Japão ainda esse ano.
A turnê está abrangendo as seguintes cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Belo Horizonte e Natal.

WG – É sua primeira apresentação em BH?
ET – Sim, é a primeira apresentação minha e de Roberto, ou seja, do Duo Taufic em BH. Como Paula nasceu em BH, ela já é veterana nos palcos mineiros.