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Eduardo Machado apresenta Scratch Trio

Acompanho a carreira do contrabaixista Eduardo Machado desde quando, em 2009,  o conheci no projeto Novos Talentos do Savassi Festival em Belo Horizonte. Nesse momento, estava lançando seu primeiro cd autoral “Eduardo Machado’. Músico enraizado em Franca/SP, elaborou e realizou diversos projetos que incluíram músicos do naipe de Robertinho Silva, Márcio Bahia, Carlos Bala e Marcelo Martins, entre outros. Agora, em meio a essa pandemia, ele abre sua carteira de criação e convoca dois músicos da qualidade de Bob Wyatt e Thiago Carreri para colocarem no ar um produto da mais alta criatividade: “Scratch Trio”.

 

 

Wilson Garzon – Depois de dar a volta ao mundo em ‘Málagma’, no meio desse clima ruim, você lança ‘Scratch Trio’. Em termos conceituais, abriu um pouco mão do fusion e caiu mais no jazz?

Eduardo Machado – É meu primeiro trabalho autoral nessa onda mais “jazzística”, mas não abri mão do “fusion” não rsrsrs… afinal “tudo é jazz”! Esse campo da música instrumental é muito amplo e possibilita nós músicos instrumentistas explorarmos várias vertentes.

Embora eu tenha uma carreira focada mais na música instrumental brasileira com diversos cd’s e dvd’s lançados nessas vertentes, também visito outras “praias” que é o caso do meu último trabalho solo “Málagma” (2019) que é completamente diferente dos álbuns anteriores, numa onda “jazz funk“.  Mas também sou do “jazz“, comecei a me aventurar pelo gênero há uns 30 anos. Desde minha adolescência sempre ouvi, toquei e estudei muito. Faz parte da minha formação pois sou formado no Conservatório de Tatuí em MPB e Jazz.

Profissionalmente tive a oportunidade de tocar com grandes nomes do jazz como Larry Coryell, Jim Pisano, David Garfield e também do jazz brasileiro Victor Biglione, Diego Figueiredo, Ricardo Silveira, Vitor Alcântara, Lupa Santiago, Daniel D’Alcântara, Gabriel Grossi, Toninho Horta, Marcio Bahia, Michel Leme, Robertinho Silva, Jarbas Barbosa, Hamilton de Holanda e dezenas de outros grandes músicos.

 

 

WG – Desde quando começou a trabalhar com Wyatt e Carreri? As gravações em áudio e vídeo já estavam presentes desde o começo?

EM – Minha história com o Bob Wyatt é pouco mais antiga, acompanho o trabalho dele há muitos anos, sou muito fã. E tive a felicidade de começar a tocar com ele em vários projetos e festivais. É um baterista que sempre me deixa muito a vontade, é fácil tocar com ele. Reparei que temos uma “química” quando tocamos juntos. Sou um músico de muita sorte pois a vida me dá a oportunidade de tocar com meus ídolos.

Agora minha história com o Thiago Carreri é um pouco mais recente. Moramos relativamente perto: ele em São Carlos e eu em Franca (cidades interior do estado de São Paulo, 180 km de distância). Quando o vi tocando pela primeira vez, ele me chamou muito a atenção pelo extremo bom gosto, tanto musicalmente quanto no timbre que ele tira da guitarra. Então ficamos amigos e como ele tem um estúdio, gravei um DVD do meu trio neste estúdio (“EM Trio ao vivo no estúdio” 2018 com Márcio Bahia e Gil Reis): ele fez a captação e edição do vídeo. Depois disso começamos a tocar juntos em algumas oportunidades.

Então, no final de 2019 tive um click e me veio esse trio na cabeça, achei que daria muito certo. Então marquei um show aqui na cidade de Franca, quando começamos a tocar a primeira música senti que houve um “encaixe” perfeito! Um completava o outro e essa cumplicidade na música é de extrema importância. Apenas juntar bons músicos não é uma garantia de que será um bom show. Mas essa harmonia aconteceu quando tocamos juntos. Acho que todos os nós três sentimos isso pois no dia seguinte durante o café da manhã já marcamos a data da gravação que foi no dia 09 de janeiro de 2020.

Hoje em dia o vídeo é de suma importância para a divulgação de um trabalho, as pessoas querem ver além de ouvir. Como esses nossos discos são gravados bem rápido, é fácil fazer a captação das imagens. Gravamos tudo em uma tarde.

 

 

WG – O cd é composto por seis músicas autorais: Catavento, Little some chacha, Juntos, Blues for Bob, Obrigado – instrumental e Scratch. Conte-nos um pouco como foi o processo de criação de cada uma delas.

EM – Fomos bem democráticos quanto a escolha do repertório, como todos integrantes são compositores, combinamos de colocar duas músicas de cada no álbum. Então cada um escolheu duas de suas composições. Do Thiago foram “Obrigado” e “Juntos”. O Bob escolheu “Catavento” e “Scratch”.

Eu compus essas duas exclusivamente para esse trabalho que foram “Little some cha cha” (porque no primeiro show que fizemos juntos tocamos um chacha nessa onda que ficou muito legal) e “Blues for Bob” que o nome da música já entrega, já que eu ia gravar com o Bob compus um jazz blues que ele domina como ninguém.

Para agilizar o processo nos enviamos as músicas por email (pois moramos em cidades diferentes), no dia anterior da gravação fizemos um ensaio durante a tarde, e um show a noite (em São Carlos, na mesma cidade onde iríamos gravar). Esse “intensivo” que fizemos no dia anterior da gravação foi muito importante pois nos ajudou a interiorizar e ficar bem vontade com as músicas. Repare no vídeo que não estamos lendo, tocar as músicas “de cor” nos possibilita a “viajar‘ no som, e foi o que aconteceu, imersão total na música! Os muitos anos de estrada nos ensina a nos prepararmos bem para qualquer tipo de produção, e essa preparação faz toda diferença no resultado final.

WG – Como estamos na ‘era das lives’, como está divulgando esse seu trabalho? Onde está disponível para a venda física? Em que canais está disponível escutá-lo?

EM – Vamos fazer um live do trio no dia 04 de agosto às 19:00 no youtube, vamos estar falando de todo o processo de produção desse trabalho. Temos divulgado nas redes sociais (Instagram, Facebook e Youtube).

Tanto o álbum quanto vídeo foram lançados apenas de forma digital, e já estão disponíveis em todas plataformas de stream do planeta. O vídeo completo estréia no canal de TV Music Box Brazil no dia 06 de agosto (quinta) às 20:30, mas já está disponível no youtube:

 

 

WG – Depois que tudo acabar, pensa em colocar esse trabalho na estrada? Há planos para continuar as parcerias com Carreri e Wyatt?

EM – Sim, claro! Na verdade já estávamos com vários shows agendados para o mês de julho em algumas cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Agora é esperar tudo isso passar para colocarmos esse trio na estrada. E não será difícil vir um novo álbum em breve!

WG – Como está o seu lado professor? Que matérias / cursos você está desenvolvendo atualmente? Aumentou a demanda por aulas?

EM – Eu e o Bob trabalhamos como professores de música, e com toda essa situação fomos obrigados a adaptarmos cursos online. Confesso que gostamos muito dessa nova realidade, é ótimo trabalhar sem sair de casa. Penso em continuar dessa forma e diminuir as aulas presenciais.

Com aulas online comecei a expandir com alunos de outros estados e isso tem facilitado muito tanto pra mim quanto pra eles. Desenvolvi um novo tipo de curso onde além de ter o contato via skype, envio os vídeos das aulas para os alunos poderem estudar quando puderem e também ver e rever quantas vezes quiserem. Dá muito mais trabalho mas tem dado muito certo, todos tem gostado muito desse novo formato.

 

Compra do CD:

https://www.tratore.com.br/um_cd.php?id=22157