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No ‘Balanço’ com Alberto Varaldo

No mês passado, recebi uma encomenda com meu amigo Eduardo Taufic, pianista e compositor potiguar de com seu talento tem livre trânsito pelo Brasil e Itália. Nela estava o cd Balanço, onde ele divide o espaço com o igualmente talentoso Alberto Varaldo, harmonicista italiano. Movido pelo interesse e curiosidade resolvi fazer essa entrevista com Varaldo, não só para divulgar o seu trabalho, mas também para saber da sua relação com a música brasileira.

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Wilson Garzon – Como se deu a sua escolha pela harmônica?
Alberto Varaldo – Eu comecei a tocar piano quando tinha 7 anos de idade com um mestre de música clássica. Três anos mais tarde eu descobri a guitarra e a harmônica. Hoje, eu continuo a tocar esses três instrumentos e cada um deles influencia, por diferentes razões, a minha criatividade.

O som da harmônica surgiu para mim quando comecei a escutá-la nas músicas folk, rock e pop e também em algumas trilhas sonoras de filmes. Minhas primeiras harmônicas foram diatônicas e para tocá-las as prendia num suporte fixo próximo à boca e ligado à guitarra ou ao piano. Mas quando tive a necessidade de tocar melodias mais ricas, comecei a usar a harmônica não só como acompanhamento, mas como um instrumento solista: com a minha voz solista!

Nas velhas canções de Stevie Wonder foi que descobri o som de harmônica cromática. Quando era adolescente comprei o meu primeiro instrumento cromático. O segundo amor, obviamente, foi o som de Toots Thielemans … ..em um CD com Oscar Peterson!

WG – E pelo jazz?
AV – Sobre o jazz e a improvisação: Quando era criança, estudava música clássica. Depois de alguns minutos tocando uma partitura ou uma sequência de acordes, começava a improvisar e criar algo de novo com esse material musical. Como você pode perceber, eu tenho uma predisposição natural para compor e improvisar.

Meus primeiros Lps de puro jazz foram os de Thelonious Monk com John Coltrane, Chick Corea e Miles Davis Quintet (Whit H. Hankock e W. Shorter); mas realmente eu acho que a minha atração para a improvisação começou antes, com grupos de rock jazz.

WG – Em relação à música brasileira houve uma paixão à primeira vista? Começou na Itália ou no Brasil?
AV – Meu primeiro amor com o música brasileira começou na Itália, com a música de Toquinho! Nos anos 70 ‘e 80’ alguns músicos brasileiros importantes viviam na Europa e para nós foi a possibilidade de descobrir este novo mundo. Além disso, alguns compositores italianos recebiam influências de músicos brasileiros, colocando o tempero do Brasil no som da música italiana!

WG – Como se deu o encontro com os irmãos Taufic e em especial, Eduardo?
AV – Há quase 20 anos atrás eu conheci na Itália o guitarrista Roberto Taufic, irmão de Eduardo. Com Roberto e também com o percussionista brasileiro Gilson Silveira, gravei meu segundo CD, “Imaginário“. Apenas seis anos mais tarde foi que conheci Eduardo, sempre na Itália e de uma forma muito espontânea: foi quando começou a nossa colaboração musical.

WG – Em 2010 você lançou ‘Radio Waves‘ com Luigi Martinale; agora, 2016 você lança “Balanço” com Eduardo Taufic: ambos são duo de harmônica e piano. Qual é a diferença conceitual entre um e outro?
AV – Eu gosto de Duo em Música! Você pode ter um diálogo, mas não é fácil encontrar o parceiro certo. Em “Radio Waves “, o som com Luigi Martinale é mais voltado para a linguagem do jazz tradicional, enquanto que em “Balanço” com Eduardo Taufic o som do Brasil é sempre “Atrás da porta“! Em cada CD você pode encontrar um momento musical com mais organização ou outro com diálogo mais solto.

WG – Como foram escolhidas as dez músicas que compõem o repertório do cd? Cinco para cada um?
AV – Balanço é uma mistura de composição, improvisação e outras direções. Você pode encontrar música como “la giostra di Egberto” (dedicado a Egberto Gismonti), que é uma composição muito clássica, sem improvisação, mas também música como “Oceano” ou um standard de jazz “Solar“, onde estamos muito descontraídos e aí a música se torna uma criatividade espontânea! Neste duo não há uma fronteira de estilo, mas o amor pela música. Nós podemos tocar as músicas dos Beatles (segunda faixa) ou uma música do repertório de jazz ou nossas composições. Esta é a coisa bonita de Balanço!

WG – Como está sendo pensada a divulgação de “Balanço“?
AV – Como eu vivo na Itália e Eduardo no Brasil, só será possível organizar os concertos em alguns períodos do ano. Para 2017 temos alguns apresentações na Itália e depois, espero que seja possível organizar algumas apresentações no Brasil. Na web é possível comprar e ouvir a nossa música.

WG – Quais são seus próximos projetos? A música brasileira voltará a fazer parte?
AV – Na minha música sempre haverá uma ligação com o mundo de fantasia dos sons do Brasil!

 

www.albertovaraldo.it