Lançamentos

Sergio Reze lança o disco ‘Um olhar interior’

Augusto Pio, jornal ‘Estado de Minas’, 12/03/2025

Baterista aproveitou a pandemia da COVID-19 para construir repertório com sucessos de Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Tom Jobim e Villa-Lobos

A experiência de participar de mais de 100 discos e shows de nomes como Ivan Lins, José Miguel Wisnik, Milton Nascimento, Elza Soares, Ná Ozzetti e Villa-Lobos fez com que o baterista Sergio Reze se aventurasse em novos trabalhos para lançar um projeto próprio.

A partir de sexta-feira (14/3), o músico paulista divulga, em streaming, o álbum “Um olhar interior” (Circus), apresentando 16 clássicos da música popular brasileira, entre eles “Asa Branca”, “Chovendo na roseira”, “Conversa de botequim” e “Um a zero”.

O artista gravou 12 faixas com o quarteto Sergio Reze Falando Música, formado por ele, na bateria, Alexandre Ribeiro (clarinete), Daniel Grajew (piano e acordeon) e Sidiel Vieira (contrabaixo).

Um olhar interior”, produzido pelo compositor, arranjador e contrabaixista paulista Swami Jr., mergulha no Brasil profundo – de Chiquinha Gonzaga a Tom Jobim, passando por Pixinguinha, K-Ximbinho, Villa-Lobos, Milton Nascimento, Noel Rosa, José Miguel Wisnik e André Mehmari.

Reze conta que, à época da pandemia da COVID-19, se recolheu em casa, o que o levou a pensar em um trabalho com uma concepção musical própria.

Antes disso, toda vez que tentava colocar a ideia em prática, minha agenda de trabalho, com vários músicos, acabava dissipando essa energia. Foi a pandemia que serviu como um momento de introspecção.”

 

Memórias

Para exteriorizar seus sentimentos, o artista se conectou com músicas brasileiras que costumava ouvir na infância, na adolescência e durante a década de 1970.

Muitas vieram à cabeça e acabei construindo um repertório afetivo”, comenta. Cita canções como “Chovendo na roseira”, que o estimularam a utilizar a bateria não só como instrumento rítmico, mas como elemento melódico.

Reze diz ter forte relação com a música nordestina e elogia Luiz Gonzaga como o artista que ganhou o Brasil, por suas habilidades e por espalhar a música do Nordeste pelo mundo.

“Por isso, incluí ‘Asa Branca‘ no repertório. Solo com os gongos e, de repente, o grupo entra. Dos mineiros do Clube da Esquina, movimento dos anos 1970 que guardo na memória, gravamos ‘Clube da Esquina 2′ e ‘Vera Cruz’”, sendo que esta última foi trabalhada com outra música, “O vento”, de Dorival Caymmi, misturando Minas e Bahia.

Pensei também no Rio de Janeiro da Bossa Nova e gravamos ‘Chega de saudade’, mas com um arranjo diferente”, acrescenta.

Assim foi surgindo o disco, com todo esse repertório, que depois coloquei em ordem cronológica”, diz o baterista.

Começa com maxixe, depois vêm choro e samba até chegar em contemporâneos como José Miguel Wisnik e André Mehmari. Resumindo: foi o momento para olhar para dentro de mim e encontrar esse Brasil profundo e bonito.”

 

REPERTÓRIO

• “Gaúcho” (Corta jaca) (Chiquinha Gonzaga)

• “Um a zero” (Pixinguinha e Benedito Lacerda)

• “Ternura” (K-Ximbinho)

• “Conversa de botequim” (Noel Rosa e Vadico)

• “Asa Branca/O Trenzinho do caipira/Lôro” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira/ Villa-Lobos/Egberto Gismonti)

• “Chega de saudade” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

• “Manhã de carnaval/Melodia sentimental” (Luiz Bonfá e Antonio Maria/Villa-Lobos)

• “O vento/Vera Cruz” (Dorival Caymmi/Milton Nascimento e Márcio Borges)

• “Clube da Esquina nº 2” (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges)

• “Laser” (Ricardo Breim e José Miguel Wisnik)

• “Lagoa da Conceição” (André Mehmari)

• “Chovendo na roseira” (Tom Jobim)