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De “Love Letters” à “Ponte Aérea”

João Senise lança ‘Love Letters’

 

Kiko Ferreira, jornal “Estado de Minas”, 18/02/2018

O cantor João Senise lança ‘Love Letters’, seu quinto álbum, em que retorna aos standards clássicos do jazz e consegue imprimir estilo próprio, dialogando com a alma brasileira. Bom gosto é questão de detalhe, dizia o slogan da Rádio Guarani FM. Bom gosto é o que não falta ao cantor João Senise. Intérprete de repertório impecável, feliz na escolha dos músicos que dividem com ele o estúdio, João vem construindo uma carreira sólida em pouco tempo. Desde a estreia, em 2013, com o jazzístico Just in time, ele fez um disco em homenagem a Sinatra, outro a Ivan Lins, um terceiro com a interseção entre jazz e bossa e, agora, volta ao jazz no quinto álbum, Love letters.

Com maturidade surpreendente aos 28 anos, ele desfila a voz grave e bem colocada por standards do jazz cantadas e relidas centenas de vezes por cantores e cantoras de várias gerações, mas soa como se não sentisse o peso das comparações. A sequência inicial é matadora: What’s new, Autumm leaves, Unforgetable, Can’t we be friends, Love letters, My funny Valentine, The way you look tonight… Mais para a suavidade Michael Bublée e Chet Baker do que para a pungência e força do ídolo Sinatra, ele vai seguindo à frente de confortáveis arranjos de Gilson Peranzzetta, apoiado por uma banda acima de qualquer suspeita, com o próprio Peranzzetta ao piano, Zeca Assumpção no baixo, Ricardo Costa na bateria, Mauro Senise nos sopros e Benson Faria e Romero Lubambo nas guitarras e violões.

Ivan Lins, que assina o texto de apresentação, recomenda “degustar com calma, em ambiente fechado” o CD de 16 faixas que ainda contém clássicos do calibre de I fall in love to easily, When I fall in love, There will be another you e Time after time. Duas faixas que João Gilberto trouxe para o universo da bossa recebem tratamentos diferentes. ‘S wonderful, dos irmãos Gershwin, soa ligeiramente apressada, e o bolero Besame mucho tem momentos um pouco caricatos, em clima de boate.

Human nature, o megahit de Michael Jackson, já havia sido apresentado ao jazz por Miles Davis. E Senise ajuda a manter a adoção, num arranjo que remete a Ivan Lins. E Moondance, do irlandês Van Morrison, ganha suingue superior até à versão clássica do autor. Um belo encerramento do disco que confirma o acerto das escolhas do jovem cantor de jazz, um artesão no cuidado com os detalhes.

 

 

“Ponte Aérea”, o novo CD de Hamleto Stamato

O pianista, compositor, arranjador e produtor musical Hamleto Stamato comemora trinta anos de carreira lançando Ponte Aérea (Fina Flor), seu oitavo CD solo, ao lado dos amigos e parceiros Erivelton Silva, baterista, e Augusto Mattoso, baixista, que há anos completam seu trio. O disco recria a atmosfera dos trios de samba jazz do final da década de sessenta, com novos arranjos para releituras de standards brasileiros, além de duas músicas autorais inéditas.

O repertório, que privilegia a música brasileira, conta com os clássicos: O Morro Não Tem Vez e Garota de Ipanema, ambas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes; April Child, de Moacir Santos, Jay Livingston e Raymond Evans; Berimbau, de Baden Powell e Vinícius de Moraes; Coisa nº 2, de Moacir Santos e A Rã, de João Donato e Caetano Veloso. As inéditas de Hamleto são Samba para o Pai e a faixa título Ponte Aérea.

Eu estou muito feliz de chegar aos 30 anos de carreira e poder registrar neste trabalho um pouco da riqueza do nosso cancioneiro, com a total liberdade de explorar tanto os arranjos quanto as interpretações” – comemora Hamleto que, atualmente, vive na ponte Brasil-Holanda. O cuidado de Hamleto com o projeto é visível, desde a escolha dos temas aos andamentos, da preparação dos arranjos à sua interpretação marcante, com solos articulados repletos de elementos que dão vivacidade e energia às improvisações. Ponte Aérea é um disco cheio de surpresas, com ampla variedade temática das composições.

Hamleto Stamato é um músico com talento reconhecido no Brasil e exterior. Sobre ele comentou o saudoso e renomado jornalista José Domingos Raffaelli: “As qualidades de Hamleto como pianista afloram a cada momento, investigando as facetas melódico-harmônicas das composições com emoção, nuances e sutilezas, transformando suas performances em desafios de inventividade e sentido de forma. O autodomínio das suas improvisações repletas de forma e estrutura, seu supremo bom gosto e acentuado feeling, além do inerente balanço de execução, são pontos eminentes da sua criatividade”. (Material de divulgação)