Stanley Jordan Trio, Sesc-Ginástico Rio, 06/10/2016
Paulo Cesar Nunes, exclusivo para o site Clube de Jazz
A tarde começou chuvosa, o clima esfriou um pouco e era dia de jogo da seleção brasileira. mas caiu a noite, a platéia da boa música compareceu e lotou o SESC-Ginástico no Rio. Era a etapa carioca do tour do guitarrista Stanley Jordan pelo Brasil. Já bastante conhecido do público e muito a vontade em nossas terras, Jordan se uniu mais uma vez a dois grandes da música instrumental brasileira, o baixista Dudu Lima, que o acompanha há bastante tempo, e o baterista Ivan Conti, o Mamão da lendária banda Azymuth.
Muitos músicos cariocas estavam presentes na plateia. A noite prometia muitas emoções e foi o que aconteceu. Dono de uma exuberante técnica de tapping e um dos mais importantes inovadores do instrumento, Stanley Jordan percorreu um repertório abrangente, tocando jazz, blues, clássico, choro, MPB, rock e até country music (com intenso brilho dos três músicos) e reservou algumas surpresas para o público, inclusive cantando alguns temas.
Jordan começou com uma composição autoral, do disco State of Nature, a bela A Place in Space, com muita entrega do trio. Aí Jordan e Dudu apresentaram uma belíssima versão de Clube da Esquina nº 2, em emocionante interpretação para este grande clássico da nossa música. Seguindo a inspiração na MPB Jordan introduziu Insensatez, de Tom Jobim, música sempre presente nas apresentações do trio.
Depois, voltaram ao jazz, com Billie’s Bounce, de Charlie Parker. Neste ponto chegou o momento do solo do Stanley e aqui destacamos as interpretações de All the Children, de sua autoria, Little Wing, de Jimi Hendrix, e a peça Concerto de Piano nº 21, de Mozart, que Jordan fez uma adaptação e que já faz parte de seu repertório. Tendo feito centenas de shows solo pelo mundo afora, Stanley Jordan sempre reserva parte de suas apresentações para brindar a plateia com este trecho solo. Um dos pontos altos do show.
Depois, ele anunciou um solo de Dudu Lima, no qual tocou um tema de sua autoria, La Cancion de Lucia, encerrando com Brasileirinho, clássico de Valdir Azevedo. E coroando a presença de um dos monstros da bateria brasileira, Ivan Conti apresentou com breve solo um clássico do Azimuth, a suingada Partido Alto, executada de forma primorosa pelos três músicos, com destaque para o avassalador slap do Dudu Lima. Momento empolgante!
Uma surpresa deste show, tocaram o blues Red House, de Hendrix, em versão mais próxima da original, abandonando o tapping, usando a palheta na execução e cantando a la Hendrix! A plateia aplaudiu empolgada e Jordan introduz uma outra canção de Hendrix, o compositor mais tocado na noite, e dele executam Voodoo Child.
Encerraram a primorosa apresentação com City of New Orleans, um hit da country music dos anos 70, cantado por Jordan. Voltaram para o bis com uma bela versão instrumental de Stairway to Heaven, hit do Led Zepellin. Aplaudidos de pé, ainda tiveram muita interação com o público no hall do teatro, para autógrafos e fotos, e muito papo com amigos. Uma noite realmente inesquecível.