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Savassi Festival, em verso e prosa

Fotos cedidos pelo Savassi Festival
Chico Pinheiro 4, Jaques Morelenbaum 3, Magno Alexandre, trio +1, Sérgio Reze e Noneto de Casa.

Depois do festival

Os ecos do ‘Noneto de Casa’ ainda ressoavam em meus tímpanos, quando chegava em casa em torno das dez da noite de domingo. Era o anúncio do fim da jornada de dez dias dessa edição do Savassi Festival. Agora, já se passaram dez dias desse término e só agora me manifesto em traduzir ideias esparsas num texto que, ao seu final, faça algum sentido.

No conjunto, a obra valeu a pena? Essa edição foi melhor que as anteriores? É possível fazer um festival com qualidade em meio a essa crise que se reflete com força na área cultural?

No que se refere ao Savassi Festival, sim, é possível. Ao todo, acompanhei todas as edições e em cada uma delas, sempre me surpreendi com o potencial inventivo e inovador que ali era acontecia. Seu gestor-mor, Bruno Golgher, passou de um curioso e intuitivo empreendedor no início, a um investidor cultural, que não só transcendeu os limites do bairro, plugando o festival no mundo, como criou propostas musicais relevantes e instigadoras.

Intermezzos

No balanço dos dias, houve uma apresentação que pudesse ser a melhor do Festival? Poderia ser a Sessão de Gala na Sala Minas Gerais com Edu Lobo, Senise & Peranzzetta e Orquestra de Ouro Preto? Ou o quarteto de Chico Pinheiro no CCBB? Quem sabe seria o Trio + 1 na Pça da Liberdade ou o quinteto de Felipe Villas Boas no Café com Letras? Das 55 atrações do Festival, estive presente em torno de vinte delas e com certeza, perdi algumas pérolas ou novidades que rolaram em outras cenas e palcos.

No dia 30/06 fui ao lançamento do cd do guitarrista Magno Alexandre e não pude estar no show do Meretrio, ambos naquele fatídico horário das oito da noite;
no dia 01/07, fui ao Jaques Morelenbaum e não pude estar no show do Paulo Almeida e
no dia 02/07, assisti à apresentação do Chico Pinheiro e não pude estar nos shows de Rafael Martini, Expedito Andrade e Projeto Mereneu.
Uma doce crueldade que o Bruno impõe a todos a cada edição do festival. No que se refere a mim, fica sempre uma ponta de frustração. Mas não de desânimo.

O que deitou e rolou por aqui

Combo
Trio +1, formado por Benjamim Taubkin (piano), Sérgio Reze (bateria), Zeca Assumpção (baixo) + Joatan Nascimento (trompete). O resultado foi uma lírica emoção merecedora de uma atenta e envolvida plateia.

Guitarristas
como esse foi o evento dos guitarristas, as grandes presenças de Lula Galvão e Chico Pinheiro ganham realce. Mas colocaria o Magno Alexandre no banco de suplentes….

Pianistas
o mestre da sutileza Benjamim Taubkin junto com a linhagem do piano brasileiro de Hércules Gomes.

Baixistas
a pegada jazzística de Marcos Paiva ao lado do improviso sereno de Bruno Migotto.

Bateristas
o suave e denso toque Sérgio Reze ao lado da quebrada carioca de Rafael Barata.

Trompetistas
o hardbop brasileiro de Daniel D’Alcântara e sopro transitivo entre o clássico e o choro de Joatan Nascimento.

Saxofonistas
mérito para os sidemen Rodrigo Ursaia, Chico Amaral e Josué dos Santos.

Revelações
Clarice Assad como uma artista total e comunicativa, o potencial do talentoso Felipe Villas Boas e a batalha na criação de cada dia de Bernardo Rodrigues.

Por uma questão de etiqueta, na categoria hors concours, englobo os monstros sagrados Mauro Senise, Gilson Peranzzetta e Zeca Assumpção. Edu Lobo já está no Olimpo.

Coda

A todos aqueles que não mencionei, em nenhum momento foram menores, simplesmente por não ter podido estar presente em suas apresentações. Nesse momento, saio desse palco dignificando o trabalho de todos que estiveram envolvidos nesse festival, pois o resultado disso tudo foi fruto de muito suor e criação.