João Senise celebra o jazz interpretando Sinatra
João Senise, jovem e talentoso cantor de jazz é filho do saxofonista e flautista Mauro Senise e da produtora Eliane Fonseca Perenzzetta, e prá completar, enteado do pianista Gilson Peranzzetta. João lançou seu primeiro CD, “Just In Time” em 2013, com repertório baseado em standards de jazz. Depois, gravou um tributo a Ivan Lins, “Abre Alas” (2015) e agora celebra Frank Sinatra em show ao vivo. Nessa entrevista, João nos fala sobre o processo de criação do cd nos dá detalhes sobre essa incrível homenagem ao gênio Sinatra.
Wilson Garzon – A ideia de gravar Sinatra sempre esteve presente nos seus projetos? Gravar Ivan Lins no fundo, foi uma etapa a ser cumprida antes de Sinatra?
João Senise – A ideia de gravar um disco em homenagem ao Sinatra veio quando estava lendo o 1o volume da biografia escrita pelo James Kaplan (Frank: The Voice) e me dei conta que, em 2015, ele completaria 100 anos. Sinatra foi o maior astro do jazz (no bom sentido da palavra) e, sem dúvida, um dos maiores cantores do gênero e uma das minhas maiores influências. Por isso, não poderia deixar passar essa comemoração em branco. Sempre gostei de cantar jazz mas, sendo brasileiro, não posso cantar só isso. E, graças a Deus, no quesito musical o Brasil continua muito bem! Foi uma alegria enorme ter gravado esse tributo ao Ivan, com a participação dele, Dori Caymmi, Leila Pinheiro, Leo Jaime e Zélia Duncan.
WG – Creio que uma das mais árduas tarefas nesse processo foi a de selecionar o repertório de Sinatra. Foi rápido ou demorado? Quantas listas você fez até chegar nessas 14 canções?
JS – Sem dúvida! Fazer repertório para um CD já é uma tarefa complicadíssima. Quando você vai homenagear um cara com 60 anos de carreira, então, nem se fala! Mas, é como digo no encarte do CD: nunca foi minha intenção (e nem seria possível) gravar Sinatra de cabo a rabo. Fiz um show com 18 músicas e 14 acabaram entrando no CD ao vivo. Não me lembro de cabeça mas, certamente, mapeei mais de 40 canções até chegar no repertório final.
Acabou sendo uma escolha pessoal, aliado a clássicos que não poderiam ficar de fora, como My Way e New York, New York. Até fiz um teste e não cantei as duas em um show que fiz na casa Julieta de Serpa, aqui no Rio. O protesto foi tão grande que elas entraram no CD ao vivo. Depois desse episódio, nunca mais fiz um show sem cantá-las! (risos)
WG – Na escolha dos músicos, além da nata dos instrumentistas cariocas, a presença da Banda Brass de Pina foi fundamental para o tom orquestral do cd. Ela era a primeira opção ou apareceu durante o processo de escolha dos músicos?
JS – Foi a primeira opção sim. Essa banda foi criada pelo Gilson Peranzzetta e batizada pelo Ivan Lins. Gilson nasceu em Bráz de Pina, aqui no Rio, e queria fazer uma homenagem ao bairro. Aí o Ivan pensou e sugeriu que fosse “Brass de Pina”, já que “Brass”, em inglês, significa metal e é um quinteto de sopros, formado por músicos de primeira linha.
WG – Como está sendo o lançamento de “Celebrando Sinatra”? Está pensando em fazer uma versão em Dvd?
JS – Está indo bem! No dia 30 de abril, fiz o lançamento no Rio-Santos Jazz Fest, lá em Santos (SP). No dia 8 de julho, faço show no TribOz e, no dia 21, na sala Baden Powell (ambos no Rio). Adoraria gravar um DVD mas, sendo artista independente, é muito difícil… Quem sabe mais pra frente?
WG – Antes de gravar Ivan Lins, você pensava em apresentar um trabalho sobre Jobim. Ele ainda está de pé?
JS – O tributo ao Tom está suspenso, pelo menos por enquanto. Mas no meu próximo CD, Influência do Jazz, eu canto “Fotografia” junto com a Joyce, que generosamente aceitou meu convite. O resultado ficou lindo! O CD reúne 14 faixas, misturando clássicos da Bossa Nova e três músicas estrangeiras. Além da Joyce, vários outros convidados e convidadas participam do trabalho. Pretendo lançá-lo no fim desse ano.
WG – Na cena do jazz no Brasil, existe uma parcela bem reduzida de cantores. Você acredita que o jazz estará sempre presente na sua carreira ou é somente uma etapa?
JS – Sem a menor dúvida! Tenho, inclusive, mais dois projetos na gaveta para os próximos anos. Vou cantar jazz até morrer!