Igor Willcox, ao vivo e a cores!
Um ano após ter lançado #1, o baterista Igor Willcox nos surpreende e coloca na praça o seu segundo cd Live!, trabalho esse que revisita e recria com sua competência e criatividade as músicas de seu primeiro cd. Nessa entrevista, Igor detalha como foi esse processo além de dar dicas sobre seus próximos projetos.
Wilson Garzon – Baixando a poeira, o resultado final e as repercussões na mídia de “#1” foram estimulantes e animadoras?
Igor Willcox – Foram incríveis!! Eu sempre acreditei no potencial desse álbum, mas devido as dificuldades de ser um artista independente, sem uma gravadora de grande nome e peso eu jamais imaginava que pudesse chegar onde cheguei. O álbum recebeu excelentes resenhas nas mais importantes sites sobre jazz no mundo, como o All About Jazz, World Music Report, vocês do Clube de Jazz, o jornalista Carlos Calado. As músicas foram executadas em diversas rádios de jazz pelo mundo. Alem disso realizei diversos shows em cima deste álbum, em lugares como Bourbon Street, Sesc’s, Jazz no Hostel, Play Jazz Festival, Santos Jazz Festival, São Paulo Jazz Festival, realmente foi um marco em minha carreira.
WG – A escolha em gravar um cd ao vivo, já existia desde quando desenvolvia #1 ou foi um projeto independente?
IW – Eu sempre sonhei em gravar um álbum ao vivo, mas no caso deste álbum foi algo muito inesperado, pois esse disco veio de um apanhado de 2 apresentações que fizemos. Um dia eu escutando esse material que foi captado pelo técnico Caio Miranda, que gentilmente me cedeu todas as tracks separadamente (sax, baixo, bateria, teclado), canal por canal, percebi que eu tinha um disco ao vivo. E o mais legal nisso tudo é que essa gravação nos captou da forma mais espontânea possível, pois não sabíamos que o show estava sendo gravado. Na época em que esses shows foram registrados estávamos vindo de uma serie de apresentações e ensaios, então o grupo estava tocando muito a vontade as composições, com muita sinergia.
WG – Do repertório composto por dez músicas, sete pertencem ao do #1. Todas essas são executadas pelo seu quarteto. O que mudou nessa versão em relação à primeira: novos arranjos, groove, pegada mais funk jazz?
IW – Algumas coisas mudaram nos arranjos sim, principalmente porque muitas faixas gravadas no disco #1 são com diferentes músicos, com características totalmente diferentes, além de algumas músicas terem sido gravadas com outros instrumentos como guitarra, trombone e flauta. Neste álbum ao vivo as 7 músicas autorais é a mesma formação com Glecio Nascimento (baixo), Vini Morales (teclado), Clayton Sousa (saxofone) e eu na batera. Nas músicas de tributo tiveram participações dos músicos Erik Escobar (teclado) e Fernando Rosa que tocou baixo nas faixas Elegant People e Wolfbane.
A mudança nas músicas foram na forma como as tocamos, pois como é um álbum ao vivo, tudo foi muito espontâneo e sinérgico. O meu quarteto tem como uma das principais caracteristicas o “Interplay”, que é o tocar interagindo, fazemos isso durante todo o álbum, é um dialogo aberto entre os músicos, onde cada composição é uma via de acesso para construirmos esse dialogo. O Vini Morales, o Glecio Nascimento e o Clayton Sousa, são músicos extraordinários, que além de uma excelente técnica e vocabulário em seus respectivos instrumentos, tem essa sensibilidade, o que tornou essa comunicação ainda mais natural. Nós mantivemos a estrutura dos temas, porém na hora dos solos deixamos o clima e o espirito do momento do dia nos levar para onde eles quisessem, as vezes é difícil descrever pois é algo muito natural que acontece com o grupo, apenas tocamos sem barreiras .
WG – As outras três, “Fred”, “Elegant People” e “Wolfbane”, são tributos a músicos que influenciaram a sua carreira. Nelas, você fez a sua leitura pessoal? Conte-nos sobre a participação dos músicos nessas músicas.
IW – Exatamente, essas três músicas são tributos a grandes heróis para mim. Elegant People é uma composição do saxofonista Wayne Shorter, que foi gravada pelo seu grupo Weather Report (outra grande influencia na minha música);
Fred, é uma composição do guitarrista Allan Holdsworth, faz parte do disco “Believe It” do baterista Tony Williams (uma das minhas maiores influências):
Wolfbane, de outra grande influencia minha, o baterista Lenny White, que me influenciou demais na época do Return to Forever. Essa é também uma composição gravada por grandes influências na minha música como, Chick Corea, John Scofield, Victor Bailey e Kenny Garret.
Elas acabaram pintando no disco, pois sempre reservo um momento do show do quarteto para esses tributos, onde também tocamos outros temas que fizeram parte da historia do jazz/fusion. Nessa composições pude contar com as participações especiais de meus grandes amigos e músicos fantásticos, o pianista Erik Escobar e o baixista Fernando Rosa (tocou na Elegant People e Wolfbane). Sobre os arranjos procuramos manter a autenticidade dos temas, mas tocando do nosso jeito, bem a vontade.
WG – Como foi feito o processo de gravação, edição e mixagem? Até terminar, quanto tempo levou?
IW – O processo de gravação foram em 2 apresentações. Essa gravações não foram registradas com o intuito de serem lançadas oficialmente, foram apenas registros que o técnico de som (Caio Miranda) fez nestes dias sem compromisso e gentilmente me cedeu esse material para divulgação. Mas ouvindo a todas as músicas que foram gravadas nessas duas apresentações eu percebi que ali eu tinha um álbum ao vivo, tocando com praticamente a mesma formação, foi então que resolvi lançar oficialmente, pois esse registro é exatamente como é o show do Igor Willcox Quartet. A mixagem e masterização foram feitas por mim, no meu estúdio, onde também faço esse tipo de trabalho para pessoas que me procuram para mixar e masterizar. O processo demorou cerca de 6 meses, pois fui fazendo com muita calma, prestando atenção em cada detalhe da mixagem.
WG – Como está sendo a divulgação do álbum “LIVE!”?
IW – Esta sendo incrível, já estamos com musicas tocando em rádios de jazz de países como Estados Unidos, Canada, Russia, Africa do Sul, Suiça. Recebemos excelentes resenhas de sites como Jazz World Quest (Canadá) e do All About Jazz, um dos mais importantes sites sobre jazz do mundo, ganhando a classificação de EXCELENTE!
Esse álbum em especial resolvi fazer de uma forma diferente que é lançando ele como uma edição comemorativa dos 2 anos de Igor Willcox Quartet. E como é uma celebração resolvi disponibiliza-lo para download gratuito no meu site www.igorwillcox.com. Em 2019, faremos a primeira tour internacional do quarteto, no Canadá, já com datas confirmadas no lendário clube Yardbird Suite (onde já passaram nomes como Chick Corea, Keith Jarret, Jaco Pastorius) e também no The Jazz Room, com mais datas a serem confirmadas.
WG – Que novos projetos você pretende desenvolver?
IW – Estou no processo de composição para o novo álbum do quarteto, que agora conta o fantástico saxofonista e amigo Wagner Barbosa, previsto para 2019. Estou envolvido em mais dois projetos de música instrumental, um deles acompanhando o grande guitarrista Mauro Hector, onde além de shows estamos em processo de gravação do seu novo álbum.
Estou também um projeto em parceria com os incríveis Michel Leme (guitarra) e Glecio Nascimento, onde tocamos composições autorais, que serão gravadas ainda esse ano. Gostaria mais uma vez de agradecer ao Clube de Jazz e Wilson Garzon, por mais uma vez abrirem esse espaço maravilhoso e de fomento a música instrumental para eu poder falar sobre os meus projetos.