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DeAngelo Silva: o espírito mozarteano no jazz

A primeira vez que assisti DeAngelo foi com o trio do pandeirista Túlio Araújo (mais Felipe Villas Boas na guitarra) no lançamento de East, segundo cd de Túlio. Desde esse momento e até o lançamento de seu primeiro cd, “DownRiver”, DeAngelo sempre me passou a impressão de que fazia as coisas sem nenhuma dificuldade. Ou seja, executava longos e intensos solos com uma alegria e presença de palco contagiantes. Um talentoso pianista do jazz contemporâneo brasileiro está raiando no nosso universo criativo. Uma longa vida para que possamos curtir da sua arte e engenho.

 

Wilson Garzon – Você já nasceu pianista ou demorou um tempo para fazer essa escolha?
DeAngelo Silva – O meu primeiro instrumento foi a clarineta e estudava piano para conhecer harmonia. Mas um dia, comecei a notar que aos 7 anos, quando passava mais de 4 ou 5 horas estudando com a clarinete, meus lábios cortavam e que isso não aconteceria com o piano. Daí veio a paixão de não se machucar para fazer música, rs rs rs

 

WG – Quando foi que o jazz bateu à sua porta? Que músicos ou pessoas foram decisivas na sua opção pelo jazz?
DA – O Jazz chegou tarde (acho), aos 17 anos e na universidade. Conheci o Cliff(ord) Korman, um jazzman de New York na selva do Brasil. Ele foi essencial para a escolha. Também tive a influência de um amigo, Daniel Silva, baterista que já escutava muito jazz. Ele me chamou para montar o grupo “Drooving D´jazz” junto com Jonathans no baixo e Breno Mendonça no sax.

 

WG – Tocar nos jazzclubs e festivais foram decisivos na sua construção como músico? Começou a compor desde cedo ou levou um tempo?
DA – Creio eu que a melhor experiência para um músico da música popular é tocar; é onde se experimenta, se coloca a prova e também se apaixona de vez pela noite. Sobre a composição, ela aconteceu mais tarde. Para mim, compor sempre foi uma grande responsabilidade, na qual não acreditava estar apto a fazê-la em outras épocas da minha vida.

 

WG – Quando surgiu o projeto DownRiver? Ele foi baseado em um conceito ou a ideia aqui foi outra? E o processo de gravação foi tranquilo?
DA – Down River surgiu devido à minha participação no BDMG Instrumental. As composições e os arranjos foram todos produzidos para o concurso; daí veio a vontade de fazer o primeiro álbum. O conceito sempre foi a verdade; fazer músicas que dizem o que sinto e que passem a minha visão do mundo. Daí, o que saiu eu analiso se é construtivo ou não, coloco tudo na pauta e depois mando para os amigos.

 

WG – Como foi feita a escolha dos músicos? Amigos de longa data?
DA – Os músicos desse álbum são apenas os mais íntimos de um grande círculo musical que abrange Minas Gerais. A partir daí, procurei os que mais se identificava com a sonoridade que estava buscando e daí ‘mandamo brasa’.

 

WG – Das seis músicas que compõem o repertório, cinco são autorais. Conte-nos um pouco sobre o processo de criação/gravação em “Bahia”, “Maracatu Papai”, “São Paulo”, “Dois mil e Jazz” e “Luisa”.
DA – Todas essas músicas eu compus na “Bahia”; o clima e o constante ruído da cidade grande não me inspiraram a compor, então parei de escrever etc… Apesar de ter começado a compor em Guarulhos, a tarefa só foi concluída na Bahia, assim como “Luísa”, “Maracatu Papai” e o arranjo para a música de Toninho Horta.

 

WG – E quanto à escolha de “Aquelas coisas todas” do Toninho Horta?
DA – Toninho é o nosso grande herói das Minas Gerais. É um músico que melhor representa o cunho o poder da música mineira. Tive o prazer de tocar com ele algumas vezes. Esse arranjo que fiz era algo que teria começado em 2012 para um projeto de septeto que Toninho tinha em BH com os músicos.

 

WG – Como está correndo o processo de divulgação do CD? Que projetos você desenha para os próximos anos?
DA – Bom, o disco é todo independente; eu sou meu empresário, publicitário, arranjador e produtor musical. Acabei de colocar o CD em todas plataformas digitais , lançar o EPK do álbum e atualizar meu site, que, apesar de independente, conto com uma equipe maravilhosa que me auxilia em fazer a empresa Down River funcionar:

André Limão Queiroz (bateria), Bruno Vellozo (baixo), Felipe Vilas Boas (guitarra), Wagner Souza (trompete) e Breno Mendonça (sax-tenor)

Video produzido por Flavio Charchar.

Mix, Master and Recording Engineer: Cris Simões:
Recording Engineer: Wagner Borba
Piano Tuner: Neto Fernandes
Disc Designer: Patrícia Pedrosa e
Staff: Alan Bonafide.

www.deangelosilva.com