‘Retazos’, com a cara e a coragem de Diego Bruno
O guitarrista Diego Bruno foi influenciado por Django Reinhardt, Joe Pass, Wes Montgomery, Jim Hall e principalmente por Pat Metheny e John Scofield. Ele estudou com Armando Alonso e Javier Cohen e se formou como instrumentista de música popular com orientação jazz. Em 2008 lançou “Reflejos”, que segundo o próprio Diego, “nasceu da necessidade de gravar as minhas composições. Não queria que se perdessem, por isso convoquei um grupo de amigos músicos, todos de primeiro nível, para gravar estas composições: Ernesto Jodos (piano), Hernán Merlo (contrabaixo), Oscar Giunta (bateria) e Ricardo Cavalli ( saxofone tenor e soprano) “. Em 2016, lançou seu segundo álbum, “Tereré”. Agora, em 2021, Diego, com a cara e a coragem, lança ‘Retazos’ e dá ao site do clube de jazz esta entrevista exclusiva.
Diego Bruno – Na verdade…muito pouco. Fiquei meio retirado do meio artístico, mas muito ativo como docente, que, embora amo a docência, me tirou muito tempo e energia para encarar outros projetos. Fiz alguns shows apresentando “Tereré” com Diego Wainer (contrabaixo), Abel Rogantini (piano) e Hernán Fernández (batería), um par de apresentações em trio com Oscar Giunta (bateria) e Flavio Romero (contrabaixo), toquei na banda como sideman, acompanhando Julieta Kitman e fiz algumas outras apresentações isoladas.
DB – Quando começou a quarentena tive que me organizar e me adaptar para dar muitas aulas em forma virtual, tanto nas escolas de música quanto em forma particular. Foi tudo um aprendizado e levou um tempo sim. É difícil, impossível eu diria, suprir a experiência de tocar junto com o estudante. Mas também achei um desafio e uma experiência interessante.
DB – Totalmente! ainda que não estivesse atuando muito “ao vivo” sempre estava me juntando a amigos e colegas para tocar. De repente isso acabou. Igual a tantos músicos, a forma de expressão mudou. Todo mundo postando vídeos e fazendo lives (nunca me atraiu esta opção). Equipei-me e passei a gravar coisas em casa, compondo e retomando velhas ideias, aprendendo a utilizar as ferramentas. De repente pensei “vou fazer um disco de violão solo” e isso entusiasmou-me muito; foi outro grande desafio para mim, gravar, mixar, masterizar etc. Ainda não faço muito bem mas dá pra escutar (rsrsrs).
DB – O estilo é bem variado, tem muitas vertentes:
“Pincel” é tipo bolero. Sempre fico pensando que os sons são como cores, e a gente vai pintando, colorindo, a ideia vem daí, um pincel para pintar cores e sons.
“Retazos del otoño” eu compus essa música morando em Salvador, ela ficou esquecida, e um outono (otoño) eu lembrei e acrescentei uma parte, por isso Retazos.
“Pequeño instante” foi uma música que eu fiz assim super espontânea, fui tocando e cantando e saiu.
“Pollito” é originalmente um baião que fiz também em Salvador e se chamava “O pinto” é uma homenagem a “O ovo” de Hermeto e não outra coisa rsrsr… Agora ganhou uma cara mais do tipo milonga.
“Pipina” eu uma valsa lenta, eu fiz para minha filha.
“Mariposa” (borboleta) também fiz em Salvador e resgatei agora.
“Sueño de luz y carbón” é uma zamba, eu tinha feito só a música, e achei que seria uma boa ideia que fosse canção, então fiz a letra e cantei.
“Mágica” é uma bossa e se chama assim porque essa é a sensação do primeiro amor, uma coisa mágica, é a lembrança dessa sensação, dessa pureza e desse despertar.
“Sueño de luz” é a versão instrumental da Zamba.
“Sol de março” tem, como toda minha música, marcadas influências da música e dos artistas brasileiros. Também vocalizo essa melodía e é uma forma de homenagear a Milton, Toninho Horta, Ivan Lins ou Pedro Aznar na Argentina, eles têm essa forma de tocar e vocalizar melodias, é tão lindo!
DB – Eu comecei a gravar algumas músicas para provar meu equipamento sem pretensão de fazer um álbum. algumas gravações são do ano passado, por exemplo Pincel eu tinha gravado para postar um vídeo e ficou o áudio. Quando decidi fazer o álbum, entre gravação das novas músicas, mixagem e masterização, levou mais ou menos um mês. Mixar e masterizar é difícil quando você não sabe. Gravei tudo com meu violão Daniel Cáceres, o luthier.
DB – Adoraria fazer a apresentação do álbum com banda, esse seria o próximo passo. Também estou pensando em gravar uma série de duetos com músicos amigos aqui em casa, por enquanto é só uma ideia.
DB – Já está havendo alguns shows em vivo, como sempre tem muito músico, e músico bom! A cena está bem interessante mas tem poucos lugares para tocar. Muitos fecharam na pandemia, Teve muitos streamings, e ainda tem. Espero que com a vacinação a gente possa estar um pouco mais tranquila. Acho que ainda devemos nos cuidar um pouco mais, só um pouco. Foi e ainda é um período muito triste. Necessitamos renovar as esperanças.