Jazz News

Um pouco da história de Lyle Mays

Michael J. West, para o site da revista Jazz Times, 14/02/2020

Lyle Mays, aclamado pianista, tecladista e compositor, mais conhecido por sua longa e estreita associação com o guitarrista Pat Metheny, morreu na manhã de 10 de fevereiro em Los Angeles. Ele tinha 66 anos. Sua morte foi anunciada por sua sobrinha, vocalista Aubrey Johnson, que postou a notícia nas mídias sociais na noite do dia 10. Johnson disse que Mays havia morrido “depois de uma longa batalha contra uma doença recorrente“.

Ele faleceu cercado por familiares e amigos, incluindo Steve Rodby, que trabalhou com Mays no grupo de Metheny. Mays foi co-fundador do Pat Metheny Group em 1977 e permaneceu membro por 33 anos. Ele trabalhou em estreita colaboração com Metheny, atuando como co-compositor e arranjador principal da banda; eles tiveram um sucesso considerável no crossover e ganharam 11 prêmios Grammy.

Lyle foi um dos melhores músicos que eu já conheci“, escreveu Metheny em seu site. “Ao longo de mais de 30 anos, todos os momentos que compartilhamos na música foram especiais. … Sentirei sua falta com todo o meu coração”.

No entanto, o pianista não era apenas um sideman de Metheny. Ele teve sua própria carreira solo, ganhando assim mais quatro indicações ao Grammy. Ele também trabalhou com vários outros músicos notáveis, incluindo Pat Coil, Bobby McFerrin, Rickie Lee Jones, Terra, Vento e Fogo e Joni Mitchell.

Lyle David Mays nasceu em 27 de novembro de 1953 em Wausaukee, Wisconsin, filho de pai e mãe pianistas. Ele cresceu ouvindo música clássica e, aos nove anos de idade, começou a aprender por si próprio (com o incentivo de seus pais) a tocar piano e órgão. Aos 14 anos, ele começou a tocar órgão na igreja; no entanto, ele descobriu o jazz logo depois, fato esse que alterou sua trajetória musical.

Começou a estudar na University of Wisconsin-Eau Claire e depois de dois anos, Mays se transferiu para a University of North Texas  onde estudou na famosa One O´Clock Lab Band junto com o seu colega tecladista Coil. Ele foi o compositor de todas, exceto uma música, e o único arranjador, para o Lab ’75, em 1975, o que acabou resultando na primeira indicação de Mays ao Grammy.

 

Após se formar na UNT, Mays venceu prontamente uma audição para ocupar a cadeira de piano na orquestra de Woody Herman, com quem viajou por oito meses. Quando a temporada terminou em meados de 1976, Mays começou a tocar com o guitarrista Pat Metheny, que havia conhecido no ano anterior e com quem criou uma grande amizade. O pianista tocou no segundo álbum de Metheny, Watercolors, de 1977, antes dos dois co-fundarem a banda que se tornou o Pat Metheny Group.

Apesar da banda usar o nome do guitarrista, Mays foi um fator crucial para o seu sucesso. Ele e Metheny co-escreveram a maior parte das músicas, incluindo a trilha sonora do filme The Falcon and the Snowman (1985). Mays foi o arranjador principal do grupo e responsável pelo som do sintetizador que deu à música do grupo a estética contemporânea de fusion. Ele e Metheny também trabalharam com Joni Mitchell em sua turnê Shadows and Light de 1979; no ano seguinte, eles compuseram e gravaram um álbum em duo, As Falls Wichita, So Wichita Falls.

Enquanto isso, Mays continuou como freelancer, no qual se incluem as parcerias com o baixista Steve Swallow, o baterista Bob Moses e Rickie Lee Jones. Ele gravou seu primeiro álbum (‘Lyle Mays‘) em 1985, um dos únicos cinco que ele fez. Nos anos 90, ele dividia seu trabalho no Metheny Group (que o mantinha em turnê durante a maior parte do ano) com os projetos que fez com Bobby McFerrin, Coil, Paul McCandless e Earth, Wind & Fire. Ele também gravou uma série de álbuns infantis junto com os atores Jeremy Irons e Meryl Streep.

Mays permaneceu no Pat Metheny Group até 2010 – quando ele não apenas deixou o grupo, mas também começou a prestar cada vez menos atenção aos negócios da música em geral. “Não é que eu tenha realmente um desejo de deixar a indústria da música; sinto que a indústria da música me deixou. Ou deixou todos nós”, disse ele em uma entrevista em 2016. “As pessoas não querem mais pagar música“.

Felizmente para Mays, ele cultivou outros interesses ao longo de sua vida. “Eu me interessei por arquitetura desde o começo, tanto que projetei a casa da minha irmã“, disse ele em 2016. “Lembro-me de também dar aulas de geometria no ensino médio“. Seus últimos anos foram gastos principalmente projetando e gerenciando software.

Seu último lançamento, “The Ludwigsburg Concert“, de 2015, foi um arquivo gravado de uma apresentação de 1993 na Alemanha. Em vez de flores, a família pede que sejam feitas contribuições ao Caltech Fund.

 

 

Michael J. West
é jornalista de jazz em Washington, DC. Além de seu trabalho nas cenas de jazz tanto nacionais quanto  internacionais, ele faz a cobertura do jazz local do DC desde 2009. Ele também é escritor, editor e revisor freelance. Ele mora em Washington com sua esposa e dois filhos.