Entrevistas

Hamleto Stamato apresenta ‘Autoral’

O pianista e compositor Hamleto Stamato lança ‘Autoral’ cd e o seu primeiro totalmente dedicado às suas composições. Segundo o próprio Hamleto, ‘este projeto tem uma enorme importância para mim, pois consegui reunir boa parte das minhas composições num disco, tive o prazer de produzir e fazer os arranjos e ainda pude contar com as participações de grandes músicos amigos’.  Aqui, nessa entrevista ao Clube de Jazz, ele nos conta parte da sua trajetória musical além de apresentar o seu trabalho ‘Autoral’.

 

Wilson Garzon – A escolha pelo piano foi por acaso ou veio do berço? Que professores foram importantes na sua formação?
Hamleto Stamato – Comecei a tocar piano aos 6 anos de idade depois da primeira aula quando a professora passou um exercício e meu pai tocou pra eu ver; em seguida, eu sentei e toquei o que ele havia acabado de tocar, foi tudo muito natural e espontâneo. Todos os meus professores foram muito importantes na minha formação musical.

WG – Em relação ao jazz, quando foi que ele entrou na sua vida? Que influências foram marcantes?
HS – Desde a minha infância também. Meu pai era músico profissional e tocou com o Hermeto Pascoal. Eu costumava frequentar os ensaios na casa do Hermeto, em São Paulo, quando tinha 6, 7 anos de idade. Isso foi muito marcante pra mim.

WG – Em 2003, você lança com seu trio, “Speed Samba Jazz“, que depois virou uma série de cinco cds lançados pela Delira Música. Conte-nos um pouco sobre como desenvolveu o conceito de ‘speed samba jazz‘.
HS – O conceito veio a partir da ideia de resgate dos trios de samba jazz dos anos 60 como Tamba Trio e Zimbo Trio. Algumas músicas, na época, tocávamos em um andamento mais rápido do que o habitual, o que gerou, a partir de uma brincadeira, o nome “speed samba jazz.”

 

 

WG – Em 2016, você lança ‘Tributo a Mileto‘, em homenagem a seu pai. Esse era um antigo projeto? Aqui, o que te motivou escalar uma banda com alguns dos melhores instrumentistas do país?
HS – Tributo a Mileto era um antigo projeto que veio amadurecendo com o tempo; a ideia de gravar junto a fita original com o meu pai tocando violão no disco veio depois, com o tempo. Foi uma homenagem pelos 40 anos de sua morte. Tenho a sorte de ser amigo de todos os grandes músicos que participaram do CD, uma honra muito grande tê-los no disco.

WG – Depois de ‘Ponte Aérea‘ (2018), você lançou no final do ano passado, “Autoral“. Como foi o processo de gravação e masterização?
HS – Comecei a gravação de ‘Autoral’ em fevereiro de 2020, gravando as bases de piano, baixo e bateria no Rio de Janeiro. A partir daí, com o agravamento da pandemia, a maneira que eu encontrei de terminar o disco foi através de gravações remotas, gravando os metais e as cordas. Depois disso, o CD seguiu para a Espanha onde foi mixado e masterizado pelo Alfonso Almiñana Saenz no estúdio audiomagic.es .

WG – Analisando sua discografia, no repertório de ‘Autoral‘, identifiquei quatro músicas: ‘Tema da Academia’, ‘Com Salsa’, ‘Bossa pras meninas’ e ‘Nova’. Qual a razão dessas escolhas?
HS – As escolhas foram feitas pela ordem de gravação das músicas, desde as primeiras gravações até 2009.

 

 

WG – Por outro lado, tem cinco músicas inéditas: ‘Lambassa’, ‘Cris’, ‘Bodas’, ‘Bossa pra Mimi’ e ‘Samba pra Mama’. Conte-nos um pouco sobre o processo de criação de cada uma delas. –
HS – Na verdade, no CD Autoral apenas Lambassa e Bodas são inéditas. A música Cris ganhou uma letra, mas já tinha sido gravada instrumental no meu DVD Gafieira Jazz, em 2009. Assim como Bossa pra Mimi e Samba pra Mama que foram compostas na época do DVD para a minha esposa e minha filha, respectivamente.

WG – O que te levou a inclusão da Orquestra de Cordas de São Petersburgo em ‘Autoral‘? E quanto à escolha dos instrumentistas: velhos amigos parceiros?
HS – Foi uma indicação de um amigo, que também é produtor musical e já havia gravado remotamente com a orquestra, que me passou o contato do maestro Kleber Augusto que é brasileiro e rege a orquestra de cordas de St. Petersburg, na Rússia. A mesma coisa com os instrumentistas de sopros, sempre uma honra e uma alegria poder contar com os velhos amigos parceiros*.

WG – Como está trabalhando a divulgação desse cd? Pensa em fazer Lives?
HS – O CD Autoral está disponível em todas as plataformas digitais ou pelo site www.hamletostamato.com. Por enquanto sem lives programadas.

WG – Você, nos últimos tempos, também tem residência na Holanda. Está desenvolvendo projetos musicais por lá, também?
HS – Passei os últimos quatro anos entre Rio e Holanda tocando em festivais de jazz pela Europa e Ásia.

*Marcelo Martins (saxofone), Jessé Sadoc ( trompete, flughelhorn), Vittor Santos (trombone), Augusto Mattoso (baixo) e Erivelton Silva (bateria).